Não há prazo para definir o futuro do Maracanã. Essa foi a posição do Estado do Rio na audiência pública realizada na tarde desta quinta-feira na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), no centro da cidade. Segundo o chefe de gabinete da Casa Civil, Marcelo Queiroz, ainda não é possível dizer que o estádio terá ou não uma nova licitação.
– Não existe essa posição. Há requisitos jurídicos. A Procuradoria entrou com ações. Isso não é assim. Não se descumpre um contrato de uma hora para outra. Cumpre esperar o processo. O que de fato estava errado na licitação anterior? O que os clubes pensam? O que a população espera? Existe uma noite muito nebulosa na sociedade quanto ao novo modelo. Pode clube? Pode só empresa? Acho que ninguém aqui está maduro quanto a este assunto – frisou Marcelo.
Os presidentes de Flamengo e Fluminense, Eduardo Bandeira de Melo e Pedro Abad, dois principais interessados no Maracanã, acompanharam a reunião. Eurico Miranda, presidente do Vasco, e Carlos Eduardo Pereira, mandatário do Botafogo, chegaram no meio do evento. Segundo Queiroz, o Estado aproveitou a audiência para ouvir ideias sobre o assunto.
– O que a gente tem feito é sair daqui com sugestões. Todos serão avisados do debate aqui. Temos de avançar, mas temos de saber qual o modelo inicial – reforçou o chefe de gabinete.
Houve fruStração por parte do deputado Carlos Osório (PSDB), o idealizador da audiência na Comissão de Esporte e Lazer, presidida pelo deputado Chiquinho da Mangueira (PTN).
– A gente queria uma posição firme e definitiva do governo do Estado quanto ao futuro do Maracanã. Novamente, não a tivemos. Foi bom para saber como cada parte pensa, porém, saimos frustrados daqui – disse Carlos Osório.
O Maracanã enfrentou diversos problemas de concessão no início deste ano – ficando, inclusive, fechado por meses e em estado de abandono. Atualmente, a Odebrecht é quem cuida do estádio, afinal, venceu a licitação em 2013, porém, não tem interesse em continuar a operação. Ela acertou o repasse da concessão à Lagardère. Porém, o governo do estado estuda a realização de nova licitação.
O Flamengo é um dos interessados na abertura de uma nova licitação e quer se aliar ao Fluminense na disputa pelo estádio. O Tricolor, em contrapartida, é a favor da continuação da empresa francesa à frente do Maior do Mundo. Vasco e Botafogo entendem que o Maracanã deve estar acessíve a todos os clubes.
Confira as posições de cada parte:
Pedro Abad, presidente do Fluminense:
“Hoje há relação conflituosa. Hoje há um interessado em operar. Isso dá segurança ao governo do Estado. O Estado tem de cobrar a execução do contrato. A GL e a Lagardère querem cumprir o contrato. Isso dá mais certeza de que a não realização de nova licitação é a posição mais confortável aos clubes. Escuto argumentos sobre vícios da licitação. Eu só enxergo que o governo está confortável em decidir à medida que há interessados em operação. Hoje a gente tem uma empresa que não tem interesse e só o faz por decisão judicial. O Fluminense não quer defender as suas vantagens. Temos de defender equipamento de R$ 1,5 bilhão tem de continuar com a sua vocação.”
Eduardo Bandeira de Mello, presidente do Flamengo:
“O Maracanã é importante ao Flamengo, mas o Flamengo é muito importante ao estádio. Sempre colocamos que a nova licitação é a melhor opção, dá transparência e dá segurança jurídica. É a única solução que respeita os contribuintes. O TCE considerou que os termos do edital não eram bons para a coisa pública. O Flamengo pode ajudar a nova licitação. Se for perpetuada a transferência da Odebrecht, o que é um absurdo, o Flamengo estará fora. O Maracana ficará na nossa memória. Não jogaremos mais lá com a Lagardère.”
Eurico Miranda, presidente do Vasco:
“O Maracanã não pode ser dado a um clube. Os quatro clubes têm que ter tratamento isonômico. A administração tem de ser dada aos quatro. Se o Estado quer fazer nova licitação, que o faça. Mas que coloque uma cláusula pétrea: que o tratamento aos quatro grandes seja isonômico. Eu tenho estádio, mas se quiser usar o Maracanã não posso ter de me sujeitar às regras de um clube.”
Carlos Eduardo Pereira, presidente do Botafogo:
“A posição do Botafogo é de que, antes de tudo, desarmemos os espíritos. Temos de fazer um estudo técnico. Tem de ter posição adequada aos quatro grandes, mas também quanto ao dinheiro público. O Botafogo quer que todos os quatro tenham acesso ao Maracanã. Assim como todos têm ao Nilton Santos. O Flamengo é o único que não o tem pois o relacionamento entre as direções não teve ética. O Botafogo não pede ajuda a ninguém para arcar com os custos do Nilton Santos”.
Fonte: GloboEsporte.com