17 de setembro de 2016 marcou o fim da trajetória de Cristóvão Borges no Corinthians, derrotado pelo Palmeiras dentro de Itaquera. Quatro meses depois, hora do reencontro: em Orlando, pela Flórida Cup na quarta-feira, o agora treinador do Vasco vai rever ex-comandados, torcedores e colegas de Parque São Jorge.
Cristóvão busca reerguer a carreira onde teve maior êxito, como vice-campeão brasileiro em 2011, logo depois de falhar em mais uma grande oportunidade: o convite do Corinthians para suceder Tite no clube que até então se caracterizava pela estabilidade dos comandantes.
Foi em uma reunião no dia 17 de junho, uma sexta-feira, que o nome dele surgiu como surpresa entre dirigentes corintianos. O clube havia falhado em tentativas por Roger Machado, Eduardo Baptista, Sylvinho e Dorival Júnior. As opções secaram e havia um perfil definido: um treinador que fosse capaz de manter o trabalho e não propor grandes mudanças. Não deveria, portanto, ser alguém consagrado. Andrés Sanchez sugeriu Cristóvão Borges.
Pelo Corinthians, o treinador teve um início promissor após derrota na estreia. Em sequência de sete partidas, ganhou cinco, empatou duas e virou líder do Brasileirão. A partir dali, dirigentes identificaram uma mudança importante: a maneira de jogar da equipe foi alterada, os princípios de jogo deixados por Tite foram sendo substituídos e ainda houve a instabilidade por seis saídas: Felipe, Bruno Henrique, Elias e ainda Luciano, André e Alexandre Pato, que sequer estreou.
A percepção de quem trabalhou no Corinthians é de que as mudanças, algumas forçadas e outras nem tanto, geraram instabilidade e quebraram a confiança. Os dirigentes apontam o auxiliar Cassiano de Jesus como um elemento importante ao lado de Cristóvão nesse processo de alterações no modelo de jogo. Fato é que os resultados caíram e o treinador deu sinais de insegurança. A perseguição de torcedores e imprensa, na avaliação do presidente Roberto de Andrade, encaminharam a demissão ainda no vestiário.
Apesar da passagem curta, Cristóvão deixou admiradores no Corinthians, sobretudo pela conduta e amizade, o que é uma marca dos clubes pelos quais passou. O próprio treinador, quando perguntado, destaca a boa relação que construiu internamente e a admiração pela estrutura do CT Joaquim Grava.
Em 18 jogos, ele teve sete vitórias, cinco empates e seis derrotas.
Cristóvão no Vasco: simpatia, ousadia e o desafio com os ‘Euricos’
Desde que saiu, em 2012, Cristóvão deixou saudades no Vasco. Ao lado de Ricardo Gomes, foi o treinador mais querido por funcionários e atletas nos últimos anos. Seu retorno foi muito comemorado internamente em função da simpatia que ele goza no clube.
Diferentemente da primeira passagem, o treinador tem mostrado uma veia mais ofensiva em 2017. Descartou o 4-4-2 utilizado por Jorginho e implementou o 4-2-3-1 com poucos jogadores de marcação. Mais do que isso: ousou. Não teve medo de realocar o meia-atacante Evander, a maior promessa da base dos últimos tempos, para a função de primeiro volante. O jovem de 18 anos chegou a ser artilheiro nas divisões anteriores.
Outra aposta está sendo no meia Guilherme Costa, de 22 anos, outro atleta oriundo da base e que só havia tido uma única oportunidade entre os profissionais. Sem espaço no Vasco, ele chegou a ser emprestado para Bragantino e Boavista. Agora, além de estar integrado à delegação da Florida Cup, jogou todo o segundo tempo contra o Barcelona de Guayaquil e foi muito bem, quase tendo feito um gol.
O grande desafio de Cristóvão será a convivência com Eurico Miranda e seu filho Euriquinho, ambos de temperamento explosivo e que contrastam totalmente com o estilo “gentleman” do treinador.
Fonte: UOL