Enquanto divulgava nesta quinta-feira uma ação civil pública que pede a volta da Portuguesa à Série A do Campeonato Brasileiro e cobra R$ 56 milhões da CBF, entre outras indenizações pela confusão com a tabela da competição, o promotor do Direito do Consumidor Roberto Senise Lisboa não tirou da cabeça uma investigação que coloca dirigentes da própria Portuguesa no banco dos réus.
“Tenho recebido muitos documentos…e a coisa está ficando feia”, comentou sobre a suspeita de que cartolas da Lusa poderiam ter se beneficiado financeiramente da escalação irregular do meia Héverton na última rodada do Brasileirão-2013.
O jogador foi colocado em campo no segundo tempo do empate por 0 a 0 com o Grêmio, em 8 de dezembro de 2013, um domingo, dois dias depois de ter sido suspenso pelo Tribunal de Justiça Desportiva. A decisão não foi publicada no site da CBF, como de praxe, e a Lusa alega que tampouco foi informada pelo advogado da CBF que a representou.
Héverton não era um atleta primordial para o técnico Guto Ferreira e havia disputado apenas seis partidas do Campeonato Brasileiro pela Portuguesa até então.
A equipe paulista entrou em campo contra o Grêmio já livre do rebaixamento. Punida pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva com a perda de quatro pontos, porém, acabou caindo para a Segundona.
O promotor assegura que a Lusa sabia que não poderia ter colocado o meia em campo naquele dia e trabalha para descobrir quem teve vantagem ilícita para ter descumprido o regulamento da competição. A irregularidade cometida pelos dirigentes teria ligação com um empréstimo bancário feito com o banco Banif há alguns anos.
Ocupado com pilhas e pilhas de documentos acumuladas na mesa de seu escritório na sede do Ministério Público, no Centro de São Paulo e solicitado por pedidos de assinaturas de secretárias e toques de telefones que se sucedem sem pausa, Senise promete dedicar pelo menos uma hora do seu dia nos próximos meses à investigação Portuguesa/Banif.
Ele afirma já ter mil páginas de documentos sobre o inquérito em mãos e ainda aguarda dados sobre a movimentação bancária dos possíveis acusados. No momento, tem cruzado registros de linhas telefônicas
Já foram ouvidas 15 pessoas a respeito do caso, a maioria delas vinculadas à Portuguesa, além do próprio Héverton, hoje atleta do Paysandu. Representantes do Banif não devem ser chamados a depor por se tratar de um banco, com informações financeiras abertas ao público. Senise diz não descartar o envolvimento de ninguém no caso, seja do clube do Canindé, da CBF ou de outros clubes que poderiam ter assumido a dívida do Banif para se beneficiar da queda da Lusa.
“Espero que entre abril e maio as investigações estejam encerradas”, torce o promotor.
Fonte: ESPN