No basquete, faltam os Milhões ao Clássico. Se são conhecidos por arrastarem suas torcidas em qualquer canto do país, Vasco e Flamengo terão de lidar com um ginásio vazio neste sábado. Em uma confusão que se arrasta desde o Campeonato Carioca, os dois times jogarão na Arena da Barra, às 14h (de Brasília), com os portões fechados. Sem policiamento para a partida, a equipe de São Januário, que é a mandante do embate – não encontrou solução a não ser abrir mão da venda de ingressos. Além do prejuízo financeiro pelo Cruz-maltino, por conta do alto valor do aluguel, perde também o torcedor – dos dois lados.
Nos tempos áureos, Vasco e Flamengo já chegaram a colocar 20 mil pessoas no Maracanãzinho. Mas, desde que o time de São Januário anunciou a volta às quadras, as equipes ainda não se enfrentaram diante das duas torcidas. No Carioca, se enfrentaram duas vezes com torcida única e outras duas com os portões fechados. Entrariam em quadra mais uma vez, justamente na partida decisiva do campeonato, mas o time de São Januário abriu mão da disputa pelo título: sem um local adequado, sua torcida seria barrada novamente.
No NBB, o roteiro se repetiu. A partida deste sábado estava marcada inicialmente para o dia 18 de dezembro. O Vasco, mandante do jogo, não conseguiu, porém, um local para a partida. A Arena da Barra surgiu como principal opção, mas o alto custo inviabilizou a organização, e o duelo foi adiado. O mesmo local, então, foi escolhido para o confronto, neste sábado. O Vasco chegou a anunciar a venda de ingressos, mas a Polícia Militar recuou e disse não ter efetivo para a partida. Mais uma vez, portões fechados, e torcida barrada na porta.
Jogadores e comissões, dos dois lados, reclamam. Falam da importância do jogo para o basquete nacional em um momento delicado do esporte. O veterano Nezinho, que defende o Vasco da Gama, afirmou que, quando fechou contrato com o time de São Januário, já pensava em fazer um Clássico dos Milhões contra o Flamengo com as arquibancadas recheadas como nos tempos áureos.
– Quando vim para cá eu pensava isso. Mas a diretoria do Vasco fez de tudo para ter esse jogo, para ter a final do Carioca com as duas torcidas, mas infelizmente a polícia não está conseguindo o efetivo para ter o jogo. É muito triste não só para nós como para o nosso esporte, porque é uma divulgação um jogo desse tamanho. Ginásio cheio, televisão, duas torcidas… Seria uma oportunidade única. Perdem os jogadores dos dois times, perdem as duas instituições, é chato. Não é legal jogar com portões fechados, mas é preciso enfatizar que a diretoria do Vasco fez tudo para ter esse jogo. O confronto podia ser aqui de portões fechados, eles levaram para lá, pagaram aluguel, mas faltou a outra parte – falou.
Drudi fez coro a seu companheiro Nezinho, mas disse que o objetivo do Vasco é a vitória.
– Essa questão não pertence à minha pessoa julgar. É uma tristeza para o basquete. Não teve torcida nas finais do Carioca, teve jogo adiado, não tem torcida agora. Não dá para fazermos nada, o que temos que fazer é concentrar para ganhar esse jogo e voltar ao pelotão da frente.
Marquinhos, que defendeu a seleção brasileira nos Jogos do Rio e joga pelo Flamengo, lamentou a falta de torcida na Arena da Barra.
– Fico triste por todo o cenário. Eu joguei Olimpíada, a maioria dos jogos era com casa cheia. E sei como era bonita a festa. O basquete brasileiro precisa disso, está crescendo com a Liga. E você colocar 1.500, 2.000 pessoas em um ginásio enorme como aquele, com torcida única, é um prejuízo muito grande para um esporte que vem crescendo muito no país. Não sei se é policiamento, prefeitura, o que está acontecendo. Mas eu espero que possam resolver e entrar em acordo para termos uma festa bonita – disse, antes mesmo da confirmação de que o jogo seria realizado com portões fechados.
Um dos mais experientes dos dois times, Olivinha também lamenta. O ala-pivô rubro-negro, no entanto, diz que a equipe tenta deixar de lado toda a polêmica e focar no jogo dentro de quadra.
– Sem dúvida que, na minha opinião, é uma pena acontecer esse tipo de coisa. Flamengo e Vasco, o basquete merece um jogo desse tipo. E merece um público de 20 mil pessoas. A oportunidade está aí. Infelizmente, por muitos problemas, as coisas não estão acontecendo como deveriam acontecer. Faz parte. O Carioca já foi desse jeito, no NBB também. Infelizmente, não temos muito o que fazer. Eu gostaria de estar jogando no Maracanãzinho, na Arena, com 15 mil pessoas. Infelizmente, hoje não pode ser. Precisamos ir para a quadra e fazer nosso melhor. Com torcida ou sem torcida.
Fonte: GloboEsporte.com