A briga pelo lado direito do Maracanã parece não ter fim. E, às vésperas de mais um clássico entre Fluminense e Vasco, novas polêmicas surgem. A diretoria cruz-maltina entrou com uma ação na Justiça na última terça-feira pedindo para ter acesso ao contrato entre o Tricolor e o Consórcio Maracanã. É com base nesse documento, assinado em 2013, que o clube das Laranjeiras diz ter direito exclusivo ao Setor Sul para a sua torcida. Mas segundo o ex-diretor executivo geral do Flu Jackson Vasconcelos nem sempre foi assim.
Jackson foi o braço direito do presidente Peter Siemsen por quase cinco anos. Ajudou a comandar o Fluminense da primeira eleição em dezembro de 2010 até agosto de 2014. Participou ativamente das negociações com o Consórcio Maracanã. E garante: desde a assinatura do acordo até a sua saída do clube, não havia nada no contrato sobre o lado direito. Resumindo: nos quatro jogos contra o Vasco realizados no Maracanã desde a reabertura, duas vitórias cruz-maltinas e dois empates, a torcida do clube das Laranjeiras ficou no Setor Sul sem ter nada oficial. Blefando, nas palavras de Jackson:
– Peter sempre insistiu nisso (ter o direito ao lado fixo em contrato). Mas quando o acordo foi fechado, a concessionária não queria ir por esse caminho. Logo na reabertura do estádio, já era um jogo com o Vasco e houve uma discussão enorme pelo lado direito da arquibancada, discussão na Federação e tudo. Lembrei ao Peter que não estava no contrato, mas de certa forma blefamos ali. O presidente pediu para trabalhar isso como um anexo para ser adicionado ao documento.
Após a confusão no jogo do dia 21 de julho de 2013, o primeiro na nova configuração, o Fluminense redigiu o termo aditivo que lhe dava a garantia de colocar sua torcida no lado direito do Maracanã e enviou ao Consórcio. O grupo que administra o estádio nunca devolveu o aditivo assinado. Pelo menos até Jackson se desligar do clube.
– O João Borba (então presidente do Consórcio) disse que ia assinar, mas não assinou. O anexo nunca voltou. Quando o Mário Bittencourt assumiu a vice-presidência de futebol (maio do ano passado), o assunto voltou à tona. Ele analisou o contrato, virou para mim e disse: ”Esse troço não está no contrato”. Eu confirmei e disse que o combinado era incluir um aditivo, mas a concessionária sempre fugiu. O Mário chegou a marcar uma reunião com o Consórcio para discutir isso. Ao mesmo tempo, o Fluminense sempre afirmava que tinha isso em contrato. Até o momento que eu sai, em agosto de 2014, nada foi resolvido, não havia cláusula alguma. Os quatro jogos até agora aconteceram sem essa cláusula e com o clube afirmando que tinha direito – recorda o ex-diretor.
Fluminense e Maracanã preferem não se pronunciar
Em maio deste ano, Fluminense e Maracanã fizeram ajustes no contrato. ”Não é possível que a cláusula não tenha sido incluída dessa vez”, afirma Jackson. Procurados pela reportagem do GloboEsporte.com, o Tricolor e o Consórcio se recusaram a comentar o assunto. Tratam a questão como sigilosa. Impulsionado pelo retorno do presidente Eurico Miranda, o Vasco não vai desistir do que considera uma tradicão, direito adquirido desde 1950, quando ganhou o primeiro Campeonato Carioca do estádio. A briga só deve terminar na Justiça.
Fonte: GloboEsporte.com