Aos 40 anos, Rafael Paiva tem mérito de sobras no Vasco que é semifinalista de Copa do Brasil e sonha com uma vaga na Libertadores pelo Campeonato Brasileiro. O time que montou reage bem dentro das partidas e é o Vasco mais competitivo dos últimos anos. Mas o treinador encontra dificuldade em dar outro passo na construção da equipe.
– A gente tem que evoluir nosso jogo.
Noves fora a reclamação de arbitragem no Vasco, as sinceras palavras do treinador na entrevista após a derrota para o Palmeiras em Brasília – 1 a 0, gol de Flaco López, em erro capital de Rayan – tratam muito mais de articulação no ataque, mas não tocam ponto crucial: a velha dificuldade de trabalhar a bola desde a defesa contra times que marcam em linha alta.
O Palmeiras provocou erros do Vasco desde a defesa em diversos lances no primeiro tempo. Até culminar no fatídico recuo de Rayan, lance que o mesmo time já proporcionou em outros tempos deste Brasileiro – com Hugo Moura contra o Athletico, com Praxedes diante do Atlético-MG.
Payet mal
A evolução do jogo claro que não é tarefa trivial quando o principal nome do time é um Payet em crise técnica e física que já dura muitas rodadas. O antídoto mais óbvio hoje ao francês é a entrada de Philippe Coutinho, mas Paiva deixou claro que vai ser bastante cauteloso com o camisa 11 para não perdê-lo novamente por mais um precioso período.
Mais do que isso, ele deixou recado claro no ar: os dois não terão muitos minutos juntos, porque o Vasco pode sofrer muito defensivamente.
Mas até Rayan vacilar aos 26 minutos, o Vasco fazia mais um primeiro tempo inofensivo, tônica das últimas seis partidas em que saiu atrás do placar em cinco jogos. Apenas David levava algum perigo.
Foi com o camisa 7 a única finalização de perigo do Vasco na primeira etapa. Numa jogada criada por Maicon. O zagueiro poderia ter avançado para Paulo Henrique por cima, o que geralmente faz na saída de bola, mas foi mais inteligente e achou David sozinho na intermediária ofensiva. Ele conduziu e chutou para boa defesa de Weverton pouco depois do gol do Palmeiras.
Sem construção de jogadas, Vegetti foi quase nulo no primeiro tempo, sem velocidade para receber nas bolas recuperadas pelo Vasco e com cruzamentos que passaram longe do cabeceador argentino.
Com três mexidas logo nos primeiros minutos da segunda etapa – Emerson, que acionou Vegetti na melhor chance do time, entrou no intervalo e Coutinho e Puma, aos 12 minutos -, o Vasco reagiu e foi melhor do que o Palmeiras no segundo tempo. O que tem sido rotina na era Paiva.
O treinador promoveu a estreia de Maxime Dominguez e admitiu que precisava o colocar em campo para aumentar o nível técnico da equipe. A crítica de Vegetti – que comentou do pouco futebol do Vasco até tomar o gol – é um sintoma de um time que busca o jogo pelas pontas para depois jogar a bola na área para o argentino, mas constrói pouco quando as portas de Piton, principalmente, e de Paulo Henrique são bem fechadas e Vegetti é muito bem marcado.
Hugo Moura tem conseguido suprir um pouco a falta de criatividade do Vasco com boas tentativas em lançamentos para os laterais e até arriscando arrancadas. Depois de muitas partidas com jogo bem burocrático, Léo Pelé também foi ao ataque em dois lances na segunda etapa. A evolução do time passa por novas e velhas alternativas no limitado elenco do Vasco.
Fonte: ge