Lucio Barbosa explica demissão de Alexandre Mattos, se desculpa por eliminação no Carioca e promete brigar por reforços

Lúcio Barbosa, CEO do Vasco — Foto: ge

Horas após a demissão de Alexandre Mattos, o CEO da SAF do Vasco, Lúcio Barbosa, explicou a saída do dirigente. Em entrevista na tarde desta quinta-feira, em um hotel na Barra da Tijuca, o executivo explicou a decisão e citou, em mais de uma oportunidade, a “quebra de confiança” entre eles.

– Gostaria de agradecer e comunciar o desligamento de Alexandre Mattos, um dos maiores diretores do Brasil. Houve uma quebra de confiança. Sem confiança não conseguimos seguir com trabalho. Não vou entrar em detalhes, mas o principal foi a quebra de confiança. É claro que dentro disso existem vários sub-motivos. Mas não vamos entrar em detalhes por respeito ao Mattos, ao nosso Compliance e ao nosso jurídico – disse Lúcio.

Mattos foi comunicado pela SAF nesta quinta-feira e deixa o clube 100 dias depois de chegar ao Rio de Janeiro. O ge apurou que a SAF entendeu que houve quebra de confiança na relação com o diretor de futebol. Havia uma insatisfação com a forma como ele vinha se comportando nos bastidores.

Nesta semana vazaram prints de uma conversa do diretor com um jornalista em que ele explicava parte do processo de contratações da SAF. Depois de alguns embates nos últimos meses, Mattos vinha adotando externamente um discurso pacificador em relação à 777.

Enquanto busca um substituto para Alexandre Mattos, a SAF montará uma comissão temporária para os assuntos mais urgentes. Ela será formada pelo próprio Lúcio Barbosa, além dos setores de scout do Vasco e da 777 Football Group. Lúcio participará e estará mais ativo na busca do clube por reforços para o Campeonato Brasileiro.

Lúcio também foi questionado em relação ao autonomia do diretor de futebol para realizar contratações e sobre o silêncio de executivos da 777 sobre o momento do Vasco.

– Acho que essa é mais uma prova da autonomia (outros membros da 777 não se pronunciarem). A gente tem a responsabilidade, como diretores, cada um com sua área, eu como CEO tenho responsabilidade no Vasco como um todo. Mas acho que isso prova, mais uma vez, que temos autonomia para trabalhar e que somos cobrados também, todos os dias, por vários assuntos diferentes de cada área. E que temos que dar resultado.

– Mas não só isso, mas também o principal é que temos que respeitar o Vasco, respeitar a empresa, respeitar o planejamento que traçamos em conjunto. E várias vezes podemos mudar esse planejamento. Cada pessoa que entra contribui um pouco para esse planejamento, porque traz uma peça nova. Mas temos esse planejamento e temos comando. Ninguém pode se achar maior que o Vasco, acho que esse é o principal recado que temos aqui.

Ao ser indagado sobre a relação entre Alexandre Mattos e a comissão técnica, Lúcio Barbosa confirmou que houve um desgaste, mas que tudo foi resolvido internamente entre eles.

– Acho que é natural divergências acontecerem. Sempre que um sempre vai querer um pouco aqui, outro ali. É parte do nosso trabalho. A gente debate muito internamente com a 777. É natural. Ouvi isso do desgaste, e o Mattos me ligou para falar sobre isso. Disse que se sentou com Ramón e com Emiliano e estava tudo resolvido. Houve uma reunião, e eles resolveram isso. Eu não precisei ir ao CT por conta disso.

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Elenco e reforços

– O Vasco só não se classificou para a final. Qualquer time do mundo tem variações. Infelizmente o time variou num momento em que não podia. É uma variação para baixo. É natural. Não vamos nos desesperar por isso. É claro que a gente conversa com a comissão técnica sobre reforços. Agora estou mais próximo disso. Mas confiamos muito no nosso elenco.

Substituto de Mattos

– Não (temos nomes para substituir Mattos), porque aconteceu de forma muito rápida. Estamos falando de dois dias. Mas a partir de hoje já estamos conversando com algumas pessoas e já com alguns interessados, porque o tamanho do Vasco e torcida chamam isso. Em relação à competitividade, eu reafirmo, queremos um Vasco mais competitivo. E estamos conversando com a comissão técnica para mais reforços e queremos sim subir com a produtividade do Vasco.

Orçamento e reforços

– Em relação ao orçamento, o que eu posso dizer é que estamos entre os cinco clubes que mais investiram nessa janela no Brasil. O que também é uma prova que estamos investindo na maior produtividade do Vasco. Sobre jogadores e o meia, especificamente, falei sim com o Emiliano, não só em uma opção, mas estamos falando em algumas possibilidades. E a gente quer reforçar o time, como é necessário para formar um elenco. Porque sabemos que nosso calendário no Brasil é complicado, então temos que ter um elenco e não só um time.

Autonomia e indicação de reforços

– Primeiro que existe autonomia, sim. Tanto é que alguns jogadores que ele (Alexandre Mattos) trouxe, foi ele que indicou, então a autonomia é total. É claro que a autonomia tem limites. Como no seu canal, se algum parceiro seu quiser falar alguma coisa, você vai impor limites. Existe autonomia, existe um planejamento de curto, médio e longo prazo, que tem que ser obedecido. E o ativo mais valioso é o Vasco. Hoje ninguém pode ter mais autonomia que o Vasco.

– O Vasco tem um comando, que tem que ser obedecido, a gente tem regras, a gente tem compliance. Não foi por falta de comunicação, falamos muito sobre isso. Sobre vazamento de informações, sobre planejamento, sobre como funciona o orçamento. E quando você chega perto do seu teto orçamentário, é natural que exija uma aprovação adicional. E é natural que isso demande um pouco mais de tempo, porque você precisa de aprovação dos membros do conselho. Mas autonomia sempre existiu. Assim como em todas as outras áreas da SAF. A gente dá liberdade, dá autonomia, temos um planejamento, como ele funciona, e vamos em frente.

Metas e demora nos processos

– No futebol não podemos prometer nada específico. Podemos reafirmar aqui o nosso compromisso de investir. Estamos entre os cinco que mais investiram na janela. Isso já mostra o nosso apetite. Nossas tomadas de decisões já estão mais rápidas. Não queremos repetir os fantasmas do passado.

Patrocínio máster

– Em relação ao patrocinador master, estamos trabalhando com o nosso time comercial. Confiamos 100% neles. E estamos tendo apoio do comercial da 777. Hoje, felizmente, estamos numa posição em que não precisamos correr para fechar com qualquer patrocinador. Queremos o melhor para o Vasco. Felizmente a gente consegue pegar o que é melhor para a marca do Vasco como um todo.

Agressividade no mercado

– Sobre a agressividade do mercado, é isso que a gente fala, estamos entre os cinco que mais investiram. Isso já mostra a nossa agressividade no mercado e que o Vasco está entre os cinco maiores do Brasil. Temos orçamento para estar entre e contratar entre os cinco maiores do Brasil hoje. Esse é o nosso orçamento. Parte de contratação ou não, isso cabe ao diretor de futebol.

– Claro que a gente cobra, a gente conversa. E, novamente, algumas contratações foram muito boas, a gente confia no elenco que a gente tem hoje. Vamos sempre brigar para reforçar esse elenco para sermos mais competitivos, como falamos no final do ano passado.

Planejamento para o período sem jogos

– Vai ter muito trabalho. Já começamos os trabalhos para esses dias em que vamos ficar parados. Muito treino, vamos nos concentrar muito mais. Teremos alguns amistosos, que já estão previstos, a serem confirmados ainda. E muito trabalho no nosso CT. Não temos planejamento de viagem nesse momento, mas, se for necessário e a comissão técnica entender necessário, a gente volta a discutir.

Como agilizar o processo da 777?

– Todo processo no mundo pode ser melhorado. Isso é uma certeza absoluta. Temos vários exemplos, de muita rapidez, de jogadores aprovados em 14, 15 horas. O Veggeti é um caso. Um último que acabou não vindo, foi analisado e aprovado em 15 horas. A gente começou em uma sexta à noite e, sábado depois do almoço, já estava aprovado. Infelizmente, tem alguns processos que demoram um pouco mais, tem mais análises de relatórios médicos e de outros setores. Justamente por algum histórico do atleta. Cada atleta é único em seu histórico, na sua performance e no seu histórico de lesões e de saúde. Cada um é um processo diferente. Tentamos padronizar ao máximo, mas cada um puxa para ser mais rápido ou demorar um pouco mais. Todo processo pode ser melhorado, não tenho dúvida disso.

Processos da 777 podem dificultar a contratação de um novo diretor?

– Primeiro que o Vasco por si só já atrai bons nomes, o tamanho do Vasco traz isso. Acho que poucos diretores não teriam desejo de trabalhar no Vasco. E, de novo, autonomia tem e ela vem com responsabilidade e com cobrança. É isso que acontece de vez em quando. E, claro, que cada um com sua área, com seu departamento, mas todos são cobrados por essa autonomia que a gente dá e que a 777 dá.

Fonte: ge

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