– Ele quer sair. Gosto de jogadores que querem ficar.
Foi dessa forma que Ramón Díaz respondeu sobre a situação de Luca Orellano na quinta-feira, na coletiva de imprensa após a vitória do Vasco sobre o Madureira, pela terceira rodada do Campeonato Carioca.
Aos 23 anos, o argentino foi de grande investimento a uma enorme decepção no Vasco. Esta semana ele reforçou à comissão técnica o desejo de ser negociado e, agora, virou um problema de quase R$ 16 milhões que o clube procura resolver.
No início do mês, na data da reapresentação da equipe, Orellano já havia conversado com Ramón e seu filho, o auxiliar Emiliano Díaz. Na ocasião, disse que não conseguiu se adaptar ao futebol brasileiro e que não queria seguir no Vasco. Por esse motivo, ficou fora da lista dos jogadores que viajaram para a pré-temporada em Punta del Este, no Uruguai.
O meia-atacante ficou no Rio de Janeiro, foi titular e destaque da equipe reserva que jogou as duas primeiras rodadas do Campeonato Carioca, com duas assistências e um gol – muito bonito, por sinal, em chute de fora da área no empate em 3 a 3 com o Sampaio Corrêa.
Ramón e Emiliano queriam contar com Orellano. Na quarta-feira passada, na volta do elenco principal do Uruguai, reuniram-se novamente com ele, mas o argentino insistiu na escolha de ser negociado. Ele a partir de agora está fora dos planos da comissão técnica para a temporada.
Enquanto o clube tenta encontrar uma solução (vendê-lo, emprestá-lo…), Orellano vai treinar em horários alternativos no CT Moacyr Barbosa. Ele tem contrato com o Vasco até dezembro de 2027.
Timidez e muitas lesões
Orellano foi contratado no fim de 2022 e chegou no Rio de Janeiro nos primeiros dias do ano seguinte. O pagou US$ 3 milhões (cerca de R$ 15,8 milhões na cotação da época) por 60% dos seus direitos econômicos.
O acordo ainda previa a compra de mais 12,5% quando ele completasse 27 partidas; e outros 12,5% quando ele completasse 60. As metas ficaram longe de serem alcançadas. Orellano tem 25 jogos com a camisa do Vasco, mas só em nove deles ele superou 45 minutos em campo, que é o tempo mínimo para que uma partida seja contabilizada.
Pelo preço e por todas as características demonstradas nos anos de Vélez Sarsfield, como velocidade pela ponta direita e os dribles com a perna esquerda, Orellano chegou ao Vasco cercado de enorme expectativa.
Nos primeiros dias, no entanto, o assunto foi a sua timidez, algo que tornou-se um problema. O então técnico Maurício Barbieri chegou a dizer que acreditava que Orellano pudesse ter sentido lesão em algum momento, mas não contou ao departamento médico – o que agravou sua condição física.
O argentino foi o jogador do Vasco que mais frequentou o departamento médico na temporada passada, segundo levantamento publicado pelo Espião Estatístico em dezembro. Ele sofreu um problema muscular na coxa esquerda ainda na pré-temporada, um trauma no tornozelo que o deixou fora de combate por 17 dias e uma fratura na mão direita.
A lesão foi motivo de desgaste da relação entre o clube e o jogador. A fratura se deu na vitória por 2 a 0 sobre o Cuiabá, no segundo turno do Brasileirão, ocasião em que ele marcou seu primeiro gol com a camisa do Vasco (veja no vídeo acima).
O clube sugeriu um tratamento sem a necessidade de imobilização, para que o argentino pudesse seguir ajudando na reta final da competição. Mas ele optou por seguir a orientação de um médico na Argentina, pediu para engessar a região e não entrou mais em campo em 2023. No comunicado divulgado pelo Vasco na ocasião, o incômodo ficou implícito.
Apesar do pouco tempo em campo, Orellano também teve participação direta no maior fracasso do Vasco na temporada: a eliminação para o ABC em São Januário, na segunda fase da Copa do Brasil. Ele desperdiçou uma das cobranças na decisão por pênaltis.
Com 25 jogos (oito como titular), dois gols e três assistências, o argentino está de saída do clube.
Fonte: ge