O convidado do “NO AR com André Henning” desta terça-feira (25) foi o jovem e promissor zagueiro do Vasco, Luan. O menino com jeito de veterano mostrou que, além da habilidade com a bola nos pés, também não fica aquém na frente das câmeras.
Com muita desenvoltura, a joia vascaína atendeu a equipe de reportagem do Esporte Interativo após o programa e falou sobre diversos temas. O zagueiro relembrou a sua chegada em São Januário, com apenas 13 anos, passando pela subida aos profissionais, rebaixamento, campanha complicada na Série B, projeção para 2015, relacionamento com Eurico Miranda e Rodrigo Caetano e foi enfático quando discorreu sobre o jogo que selou a volta do Vasco para a primeira divisão.
“Eu acho que faria o mesmo que eles (sobre os torcedores que vaiaram o time). Na hora, eu saí muito triste porque achei que era um momento de alívio por tudo o que passamos. Eles sentem muito mais porque vivenciam o clube desde sempre. Eu também sinto muito porque já estou no Vasco há oito anos. Mas concordo com eles. Eles têm o direito de vaiar, eles pagam ingresso e expressam da forma que eles acham melhor”, afirmou o zagueiro.
Confira a entrevista exclusiva com Luan:
Subida para o profissional:
Eu costumo dizer que é o processo mais difícil, pois muda tudo: o estilo de jogo, o comportamento, tudo. Mas eu acho que consegui suportar bem, me adaptei. Realmente é muito difícil e eu valorizo muito tudo que eu passei até conseguir me firmar entre os profissionais.
Estreia como profissional:
Era tudo novo, eu estreei como lateral-direito. O Marcelo Oliveira precisou de mim na lateral e eu, como sou garoto, quero jogar e vou sempre querer jogar. Seja na lateral, em qualquer posição.
Volta para os juniores:
É muito difícil você estar no profissional e ter que voltar para os juniores. Não desrespeitando os companheiros, mas você está ali querendo jogar. Você alcança uma etapa e, como eu falei, a etapa mais difícil é subir e se firmar no profissional. Quando você desce de novo, é muito difícil assimilar. Mas eu procurei levar da melhor forma e fazer o meu máximo em todos os jogos, querendo ganhar. Eu encarava como o maior desafio da minha vida.
Queda para a Série B e volta para a primeira divisão:
Ano passado eu joguei pouco porque me machuquei muito, mas na reta final atuei em quase todos os jogos. Cara, não existe sensação pior. É muito ruim. Pior sensação da minha vida. Há um alívio pela volta, sem dúvidas. Tirei um caminhão das minhas costas. Não foi como a gente queria, mas conseguimos o objetivo maior que era subir.
Início de 2014:
Quando eu entro de férias esqueço bola completamente. Não leio, não falo sobre futebol, não vejo nada. Deixo tudo com o meu empresário. Nessas férias eu fui com o pensamento de ‘eu tenho que jogar, tenho que aparecer’. Já tenho 21 anos e precisava me firmar. Particularmente foi um ano bom pra mim. Fiz 44 jogos, estou conseguindo me firmar aos poucos, mas ainda falta muita coisa.
Clima político e final estranha do estadual:
Foi muito difícil de assimilar aquilo que aconteceu no Campeonato Carioca. É difícil perder um campeonato assim, com um erro absurdo da arbitragem. Você vai para a pré-temporada, corre pra caramba, se desgasta, se dedica ao máximo e perde o campeonato por um erro gritante. Mas a gente buscou passar por cima disso. O ambiente político não influenciou tanto, porque chegou uma fase do campeonato que era ganhar ou ganhar. Não existia outra opção. A gente não podia pensar: ‘Quem vai ser o presidente?’, ‘acabou meu contrato’… Não pensávamos em nada disso. Só pensávamos em vencer e vencer, mas infelizmente nem tudo sai do jeito que a gente quer. Mas o mais importante é que nós conseguimos.
Temor pelo não acesso:
A gente nunca pensou que não iríamos subir. Isso nunca passou pela nossa cabeça. Nós sempre pensamos que seríamos campeões. Sempre. Mas chegou um momento em que o nosso time começou a oscilar muito e o objetivo teve que mudar. A Ponte Preta engrenou, o Joinville também e nós não conseguimos engrenar. Então nos fechamos e decidimos: vamos subir e o título é consequência.
Declaração de Kleber e jogadores descompromissados:
Descompromissados não (existiam). Ele (Kléber) falou (‘Vasco acabou para mim’) porque achou que o contrato dele tinha acabado. Ele falou o óbvio, o contrato dele acaba, ele pertence ao Grêmio, então teria que voltar para lá. Acontece que a diretoria nova ainda não procurou ninguém. A gente nem sabe quem são os novos diretores. A partir do momento em que entrarem em contato, forem anunciados, as coisas vão se acertar.
Relacionamento com Eurico:
Eu cheguei ao Vasco na época do Eurico. Conheço muito bem o Álvaro, que é o filho dele, e coordenava a base. O relacionamento sempre foi muito tranquilo. Nunca tive problemas com nenhuma gestão, nem com a passada e nem com a do Roberto (Dinamite).
Identificação com a torcida:
Eu sou criado no Vasco, acho que a torcida entende que eu também sofro quando o clube não está bem. Eu procuro jogar cada jogo como se fosse o último dia da minha vida. Cara, para falar a verdade, eu sempre vou ficar devendo algo, por tudo que o clube já fez por mim. Estou aqui desde os 13 anos e nunca vou conseguir devolver tudo o que o Vasco me deu. Sempre vai faltar alguma coisa e eu espero sempre retribuir da melhor forma possível.
Plano para a Série A em 2015:
Vamos esperar a nova diretoria. Vai ser um ano novo, com
mudanças, mas vamos com tudo. Espero que eles montem um bom time para que nós possamos fazer uma boa campanha.
Desejo de jogar na Europa:
Tenho sim, mas eu só vou conseguir se eu cumprir o meu papel no Vasco. Procuro nem pensar. Só penso no Vasco, em ajudar e fazer o melhor. Eu tenho contrato até 2017 e espero cumprir meu contrato. Eu leio sobre sondagens, mas não me envolvo. De oficial, não chegou nada. Meu foco é todo no Vasco.
Sonho de participar dos Jogos Olímpicos 2016:
Vontade eu tenho, e muita, mas eu não estou sendo convocado. Não sei se vai dar para ir, mas se não for, vou ficar na torcida. Espero que eu tenha a oportunidade de mostrar meu trabalho e defender o meu país.
Saída do Rodrigo Caetano faz tanta diferença, você se sente protegido ou não muda tanto:
O Rodrigo é um grande profissional, assim como existem outros excelentes profissionais no mercado. Eu particularmente me dou muito bem com ele. Agradeço pelos conselhos que sempre me deu, mas a gente não pode se prender a ninguém, pois o Vasco é maior do que todos.
Desejo para 2015:
Quero jogar e ser campeão!
Fonte: Esporte Interativo