Não bastasse o sentimento amargo de entrar em campo poucas horas depois do título da Libertadores de um rival que em três anos abriu um abismo técnico e financeiro de diferença, o Vasco ainda apresentou aos seus torcedores um nível de atuação constrangedor na noite deste sábado, em São Januário. A ponto de permitir que o já rebaixado Atlético-GO abrisse 2 a 0 no placar – e com facilidade.
O Vasco reagiu, é verdade. Sob o comando do técnico interino Felipe, que fez sua estreia, a equipe apresentou alguns pontos positivos em meio ao show de horrores, como as associações entre Maxime Domínguez e Payet e a boa atuação de Alex Teixeira, com um gol e uma assistência. O camisa 90 foi o protagonista da reação tardia.
Mas o sprint na última curva não pode maquiar o desempenho do Vasco no restante da corrida, com o perdão da analogia. O time cruz-maltino sofreu gol pela sexta partida consecutiva no Brasileirão, penou para encaixar a marcação e ficou devendo capricho quando se aproximava da área. Felipe disse na coletiva que o gol cedo (aos 20 minutos) desestabilizou seus jogadores.
Com o resultado, o Vasco que até duas ou três rodadas atrás tinha chances reais de beliscar uma vaga na Libertadores do ano que vem sequer conseguiu garantir-se matematicamente na Série A até o momento. São cinco rodadas sem vencer, sendo que em quatro deles a equipe não conseguiu competir e foi presa fácil para seus adversários. Um fim de ano melancólico.
Vasco sente o golpe após gol
Neste sábado, o Vasco teve um bom início de partida e fez o que dele se espera em São Januário, em especial contra uma equipe já matematicamenre rebaixada: sufocar o adversário. Com Rayan e Alegria espetados nas pontas e movimentação no meio de campo, o time martelou o Atlético-GO nos primeiros minutos e poderia ter inaugurado o placar em finalizações de Rayan e Coutinho, mas ambas pararam nas mãos do goleiro Ronaldo.
Faltava um pouco de capricho quando estava perto da área, mas a impressão é de que o gol estava amadurecendo. No entanto, o Atlético assustava em algumas subidas e em nenhum momento deixou os donos da casa confortáveis. À medida que seguravam a pressão, os atleticanos começaram a encontrar mais espaço na defesa vascaína até chegar ao primeiro gol, num lance em que o lado da direito da defesa do Vasco, com Puma Rodríguez e Rayan, simplesmente parou e viu Luiz Fernando tabelar dentro da área e finalizar no canto de Léo Jardim.
A partir daí, o Vasco não se encontrou mais no primeiro tempo. O clima de apoio em São Januário virou cobrança, e a ansiedade provocada por uma sequência de quatro derrotas na competição deu as caras. Rayan teve nova chance de marcar aos 24 minutos, mas chutou torto quando deveria finalizar cruzado. O time cruz-maltino não conseguiu mais criar e foi para o intervalo com gritos de “time sem vergonha!” e “queremos jogador”.
“Depois de sofrer o gol o desgaste é muito grande”, reconheceu o interino.
– Sair atrás do placar é muito ruim, o Atlético jogou sem responsabilidade nenhuma, já caiu para a Série B. Depois de sofrer o gol, os jogadores ficaramm sem confiança – completou.
Piorou antes de melhorar
No intervalo, Felipe promoveu as entradas de Payet no lugar do machucado Rayan e Alex Teixeira no lugar de Maxsuell Alegria – o atacante de 20 anos mostrou-se uma aposta equivocada do treinador e não teve boa atuação.
O time melhorou muito por conta das substituições. Payet dessa vez caiu mais pela direita e teve durante o tempo todo a companhia do suíço, que fez a bola circular no ataque. Vegetti teve grande chance de empatar a partida quando o placar ainda estava 1 a 0, mas a finalização de cabeça do atacante parou no travessão.
Quatro minutos depois, o Atlético-GO fez o segundo, de novo com Luiz Fernando – dessa vez, o vacilo foi de Alex Teixeira, que cochilou e simplesmente se esqueceu de Shaylon na marcação. O cenário de apoio irrestrito que se via nos primeiros minutos em São Januário virou silêncio, interrompido vez ou outra por gritos de protesto e até provocações de “olé!” quando o Dragão trocava passes.
Alex Teixeira, um dos jogadores que vem recebendo doses de confiança do novo treinador, entrou no jogo aos 29 minutos do segundo tempo com uma jogada de almanaque e uma assistência precisa para Maxime Dominguez diminuir para os donos da casa. Foi o primeiro gol do suíço com a camisa do Vasco.
Na reta final, o Vasco conseguiu retomar o controle do jogo que havia perdido na metade do primeiro tempo, empurrou o Atlético-GO contra o seu campo e conseguiu o gol de empate nos acréscimos em jogada iniciada por Léo. O passe de cabeça de Vegetti encontrou Alex Teixeira livre para deixar tudo igual e amenizar, ao menos um pouco, o sentimento amargo do vascaíno.
Fonte: ge