A 10 jogos do fim do Brasileirão, período que marcará o fechamento de São Januário para uma grande obra, o Vasco ainda faz modificações no projeto de reforma. A tendência, no entanto, é de mudanças sutis que serão apresentadas em breve à imprensa e torcedores.
O projeto base é o que foi apresentado em novembro do ano passado pela gestão anterior, de Jorge Salgado, e desenvolvido pelo arquiteto Sérgio Dias ainda na administração de Alexandre Campello. As alterações estão sendo pensadas por uma comissão formada por três vertentes: além da de Sérgio, a de um escritório contratado pelo clube e a de um projeto desenvolvido por torcedores.
Projeto alternativo perde força
Até meados do primeiro semestre, o Vasco trabalhava em duas frentes. Uma delas é o projeto “Nosso São Januário”, que o presidente Pedrinho abraçou durante a campanha eleitoral. O grupo de torcedores chegou a desenvolver um plano para o candidato apresentar à Crefisa, que à época demonstrou interesse em comprar os naming rights de São Januário. Depois da eleição, a diretoria eleita incentivou o avanço do projeto, que sofreu alterações e foi apresentado ao clube (veja imagens no fim da matéria).
– Após a eleição, ouvimos o que o Vasco já estava fazendo. Marcamos reuniões para nos inteirar sobre tudo, e o projeto do Sérgio estava mais adiantado, então, a gente decidiu seguir com ele, não abandonando o que a gente tinha feito com o “Nosso São Januário”. Estamos fazendo o estudo operacional e de custos dessas mudanças. Conseguimos uma forma de fazer o público aumentar, mas estamos estudando a viabilidade – explicou Thiago Nascimento, assessor da presidência do Vasco e coordenador da comissão que trata a reforma de São Januário.
A vertente que ganhou mais força, no entanto, foi a de Sérgio Dias, que já vinha sendo trabalhada dentro do clube nos últimos anos. Pedrinho pediu algumas alterações, como aumento da capacidade e manutenção das arquibancadas, e incluiu o outro grupo na discussão. A comissão tem como integrantes os arquitetos Sérgio Dias (projeto escolhido), Fernando Costa (Cité Arquitetura – escritório contratado pela diretoria de Pedrinho) e André Rodrigues (Nosso São Januário).
– O projeto do Nosso São Januário não foi engavetado. A gente gosta dele, mas não podemos fazer as coisas por vaidade, temos que ouvir e ver o que é melhor para o clube. Não conseguimos trazer a grande maioria das ideias. Não dá para fazer um “Frankenstein” dos dois projetos. Vamos apresentar um projeto que não muda muito as características físicas do projeto do Sérgio, mas com mudanças sutis – acrescentou o dirigente vascaíno.
O ge apurou que a grande alteração no projeto foi o aumento da arquibancada inferior. A expectativa é de que mais de 70% do estádio não tenha cadeiras, o que vai diferir São Januário da maioria das arenas modernas. Modificações na parte externa não tendem a acontecer, algo que frustra pessoas do grupo Nosso São Januário ouvidas pela reportagem: “Foram seis meses de desenvolvimento do nosso projeto e ninguém fala nisso mais”.
Entre as sugestões que não devem ser abraçadas estão a criação de uma “geral” (setor popular) atrás de um dos gols e de praças em oposição à elevação de muros no entorno do estádio, criando espaços de convivência e interação entre o Vasco e a comunidade. Setor único atrás do gol da curva da Barreira, sem cadeiras nem camarotes, também não deve fazer parte do projeto. O grupo ainda é crítico ao design das torres ao lado da fachada principal: “O perfil corporativo é desconexo com a história do clube”.
– A questão das torres (ao lado da fachada) é criticada pelos torcedores, mas traz para o estádio uma questão de receita enorme, onde podemos colocar museus, restaurantes, parte administrativa… A gente está mantendo muitas características, mas diversas coisas precisam ser feitas para se atualizar a tendências comerciais e operacionais – afirmou Thiago.
– O nosso projeto é um projeto que foi aprovado pela diretoria. Esses outros assuntos não foram mais debatidos, foi na época da campanha, de eleição, em que alguma coisa era discutida mais publicamente. Mas o projeto é o mesmo que foi apresentado nas audiências públicas e que saiu na imprensa. É o mesmo projeto, está sendo adequado em detalhes operacionais – completou o arquiteto Sérgio Dias.
Próximos passos
O projeto, neste momento, está na etapa de matérias complementares. São mais de 30 itens que precisam entrar no plano, como gramado e laudo do Corpo de Bombeiros. O Vasco fez mais de 170 reuniões para debater esta parte e está no processo de contratação de empresas que vão tocar estas matérias.
O Vasco tem analisado arenas no Brasil e levado em conta questões que podem gerar mudanças no projeto. Pessoas da comissão fizeram, por exemplo, uma visita técnica à Arena MRV depois do jogo contra o Atlético-MG, pela semifinal da Copa do Brasil. E também vão à Ligga Arena, do Athletico-PR, no próximo mês.
– A gente tem que gastar mais tempo no planejamento do que na obra. Agora é que se discute operacionalmente o projeto. Entra a administração, operação, segurança, enfim, até polícia, a gente apresenta o projeto ao Bepe (Batalhão Especializado em Policiamento em Estádios). Estamos contratando os projetos complementares, de estrutura, de fundações, de instalações, de ar condicionado, acústica… É uma fase bem analítica – comentou Sérgio Dias.
Com toda esta parte conceitual finalizada e aprovada, o Vasco apresentará mais uma vez o projeto publicamente. A fase mais estagnada neste momento são as negociações para a venda do potencial construtivo. O clube tinha um acordo avançado, mas não se concretizou e continua a busca por recursos para iniciar a obra no tempo pretendido.
A diretoria não pensa em realizar a reforma por etapas. O plano é fechar São Januário após o Brasileirão e dar início ao processo de demolição, com previsão de encerrar a obra em 2027, ano do centenário do estádio.
Imagens do projeto “Nosso São Januário”
Fonte: ge