O Conselho Deliberativo do Vasco foi convocado para votar nesta terça-feira (8), a partir das 19h, as contas de 2023, último ano de gestão do ex-presidente Jorge Salgado. Além da análise financeira da administração do dirigente, estará em debate também o processo de venda da SAF para a 777 Partners, empresa norte-americana que adquiriu a Sociedade Anônima e que enfrenta falência. A reunião dos conselheiros poderá causar reflexos extremos ao Grande Benemérito.
Comissões de inquérito elaboraram relatório
A tendência é a de que o Conselho Deliberativo aprove as demonstrações contábeis. A sinalização positiva, então, abrirá caminho para um processo investigativo da gestão financeira da diretoria de Jorge Salgado.
No dia 20 de junho, o presidente do Conselho, João Riche, já havia divulgado a abertura de duas comissões de inquérito. Uma para apurar o processo de venda para a 777 e outra para analisar atos não só de Salgado como do presidente antecessor, Alexandre Campello. Os 14 nomes escolhidos precisavam preparar relatórios num prazo inicial de 120 dias.
No caso de Campello, a comissão investiga uma auditoria contratada na gestão de Jorge Salgado. Na época, o objetivo era “analisar e esclarecer as informações contidas no relatório Stoneturn, além de dar continuidade às diligências apuratórias, visando identificar as condutas e seus autores para adoção de medidas cabíveis”.
Balanço atrasado aponta aumento da dívida em R$ 212 milhões
A diretoria do atual presidente Pedrinho divulgou o balanço com mais de três meses de atraso. Nele, consta o apontamento de um aumento da dívida do clube associativo em R$ 212 milhões. O documento ainda indica uma dívida da associação com a Vasco SAF de cerca de R$ 30 milhões.
No balanço consta também uma carta de Pedrinho com duras críticas à administração de Salgado, tanto na gestão financeira como no processo de venda para a 777 Partners.
Salgado se defende e acusa Pedrinho de ‘inflar o passivo’
Jorge Salgado divulgou uma extensa carta em 6 de setembro se defendendo do balanço. Ele acusa Pedrinho de utilizar das mesmas práticas de presidentes passados.
“Pedrinho acaba por repetir o mesmo enredo, ao assinar carta em que parece culpar a gestão passada por todos os males do mundo e ao dar um cunho de peça política à sua primeira carta de administração” disse, complementando.
“Aparentemente, o novo critério de contabilização, que classificou 81% dos valores cobrados em reclamações trabalhistas como de probabilidade de perda ‘provável’, destoa da prática do mercado e leva a crer que o Clube reconhece que perderá quase todas as ações trabalhistas e não obterá qualquer desconto no pagamento de dívidas. Por que o Clube se coloca em situação de tamanha fragilidade perante seus credores? Afinal, quais interesses o Clube defende em juízo: os seus, ou os de seus reclamantes?”.
Ainda na carta, ao abordar a questão da suposta dívida com a Vasco SAF, insinua que Pedrinho esteja “inflando o passivo” propositalmente.
“Ora, se o Clube não reconhece esse valor, por que o contabilizou como contingência? Não há nada que justifique essa medida – a não ser que a intenção seja, supostamente, a de inflar o “passivo” do Clube e criar um cenário de “terra arrasada” para, depois, se apresentar como o “salvador da pátria” que conseguiu reduzir um “passivo” que não condizia com a realidade”, diz o trecho.
Salgado pode ser até excluído do quadro social
O processo investigativo pode culminar até mesmo na exclusão de Salgado e seus pares do quadro social do Vasco. Há uma movimentação de conselheiros para acusá-lo de gestão temerária, entre outras questões.
Atualmente, Salgado possui uma base de apoio fragilizada dentro do Conselho, algo que o coloca em risco caso sejam debatidas penalidades ao veterano dirigente, que é Grande Benemérito do clube.
O UOL tentou entrar em contato com Jorge Salgado, mas as ligações não foram atendidas. Caso o ex-presidente vascaíno retorne e queira se manifestar, a reportagem será atualizada.
Fonte: UOL Esportes