Contratado ainda no primeiro semestre pelo Vasco, Hugo Moura viveu um momento de turbulência logo na sua chegada, mas recuperou a confiança e se tornou um dos pilares do time comandado por Rafael Paiva. Em entrevista à ESPN, o volante abriu o seu coração sobre a volta por cima que deu na carreira e no Cruz-maltino e revelou que tem como meta virar ídolo em São Januário.
Revelado nas categorias de base do arquirrival Flamengo e com passagem recente pelo Athletico-PR, que o negociou com o Vasco, o meio-campista de 26 anos viveu um dos momentos mais difíceis da carreira logo na sua quarta partida pelo novo clube, quando foi expulsou exatamente contra o Furacão, em derrota por 1 a 0 na Ligga Arena, pelo Brasileirão.
Após o episódio, Hugo passou a conviver com a desconfiança da partida e chegou até a não ser utilizado em alguns jogos. Porém, desde que Paiva voltou ao comando do time, se firmou no time – e ao lado de Mateus Cocão, que também passou momentos de dificuldade nos bastidores.
“Acho que não só no Vasco. Foi na minha carreira um momento muito difícil (jogo contra o Athletico). Depois do jogo a minha família disse ‘o que aconteceu?’, e eu não sabia nem o que falar. Foi vergonhoso para mim, tive muita resiliência, a minha família e esposa me ajudaram muito para dar a volta por cima, o meu empresário também, sabia do meu potencial. Mas, claro, quando a gente está numa situação toda inversa, a gente sabe que é difícil reverter, ainda mais do meu passado em estar no rival, mas o trabalho diz tudo. Dia a dia o elenco foi me dando confiança, o clube, todo o estafe foram me dando confiança, isso que um jogador precisa nesse momento. No jogo contra o São Paulo, entrei muito ciente do que tinha que fazer e, claro, graças a Deus deu tudo certo. Que a gente possa e eu também seguir brilhando e fazendo a torcida feliz”, disse.
“Eu me blindei muito da rede social. Claro que tem um pouquinho do meu passado (no Flamengo), a gente sabe que eles (torcedores) ficam ligados nisso, são torcedores e amam o Vasco, mas eu vim para cá para ajudar o Vasco, dar a vida pelo Vasco, porque, querendo ou não, o que coloca comida dentro da minha casa, da minha família, do meu filho. Vou honrar essa camisa sempre”, prosseguiu.
Hugo Moura ainda citou a importância de sua família para dar a volta por cima no Vasco. E também se emocionou ao falar do avô, Edno, de quem é fã número 1 e de “carteirinha”.
“Eu falei com a minha família que eu era muito pequeno sobre o que aconteceu comigo. Foi um momento difícil demais que eu passei, momento dolorido depois do jogo. A gente fica sem confiança, as pessoas julgam a gente por causa de um lance, a gente não consegue nem responder a pessoa. Blindei muito a minha cabeça, me blindei de rede social e sabia que daria a volta por cima. Minha família também foi fundamental, sempre me apoiou, sempre me ajudou quando eu precisava nesse momento, estava do meu lado, então tenho que dar também todos os créditos também para eles porque eles foram fundamentais”, disse.
“Fico até um pouco com vontade de chorar de falar do meu avô. É um cara que honrou muito a mim, passei muita dificuldade no começo, a gente não tinha muita condição de vir para o Rio. Pensei em desistir, desisti um ano do futebol e sempre com ele me dando apoio, que eu tinha que ir, que ele ia fazer de tudo por mim. E nesse momento que eu cheguei na minha carreira, na minha vida, eu posso dedicar a ele porque foi fundamental para mim. Claro que meu pai, minha mãe me deram todo o suporte, meu pai me dá até hoje, ele entende mais de futebol. Conversa comigo todo jogo, quer ir em todo jogo porque quer assistir o jogo, não só como torcedor, quer como um pai. E tem que puxar a orelha quando tem que puxar. O meu avô para mim foi fundamental para mim na minha vida, na minha carreira, então hoje eu estou aqui no Vasco, dedico tudo a ele”.
‘Quero virar ídolo vestindo essa camisa’
Desde que chegou, Hugo disputou 12 jogos pelo Vasco e deu 3 assistências – 2 delas nos últimos jogos. E a boa fase é comemorada pelo jogador, assim como o momento do time, que só perdeu um jogo nos últimos cinco que disputou.
E o meio-campista também tem como meta deixar o seu nome gravado na história do Cruz-maltino.
“Fico feliz com as minhas assistências, mas o que me importa são os 3 pontos. O Vasco estava precisando dos 3 pontos, então pelo meu empenho dentro de campo também fico feliz. Eu quero jogo a jogo dar o meu melhor, quero deixar a torcida satisfeita. Estou muito feliz aqui no Vasco e, claro, quero virar ídolo vestindo essa camisa porque é uma camisa muito grande no futebol brasileiro”, disse.
“Muito feliz com o momento que estou passando no Vasco, do time também. Foram cinco jogos sem perder, quatro vitórias, o Vasco precisava, a torcida precisava desse momento, para colocar o Vasco na parte de cima da tabela porque eu vejo isso onde o Vasco tem que estar, é na parte de cima. E claro, a gente vai sempre brigar por coisas grandes. Estávamos muito tristes com o nosso desempenho em campo, sabíamos que não era aquilo que estava passando. A chegada do Paiva nos passou muita confiança, ele deixou mais leve para a gente fazer o que sabe dentro de campo, não só comigo, mas com os meninos da base, o Estrella, JP. Isso foi fundamental para o nosso desempenho dentro de campo”, prosseguiu.
O camisa 25 do Cruz-maltino também elogiou o trabalho de Paiva nos bastidores, assim como o do presidente Pedrinho e do diretor técnico Felipe.
“Ele conhece bastante o Vasco, conhece os meninos da base. No primeiro jogo dele, contra o São Paulo, já colocou o Estrella (no time titular), numa pressão que estávamos com a torcida, e ele foi muito bem, fez o gol. Conhece bastante o Vasco, conhece bastante o nosso torcedor também. Que ele possa ser muito feliz aqui”.
“O Pedrinho pegou logo o jogo contra o Flamengo e, desde aquele dia, ele sempre passou confiança para nós jogadores. Estava difícil para a gente e para ele também, e ele passou confiança. O Felipe é um cara que eu vi a minha infância toda jogar, para mim foi um craque, então tento pegar cada coisinha dele, sempre vai agregar na minha vida e também no jogo. Ajuda bastante no dia a dia, tenho certeza que ele vai ajudar cada vez mais o Vasco. É sempre com respeito ao Paiva, não pode ultrapassar o que o treinador pede, mas ele sempre conversa, orienta, entende de futebol. Isso ajuda muito a ele e nós jogadores.”
Por último, Hugo Moura afirmou até onde o Vasco pode chegar no Brasileirão passado o momento de turbulência inicial e destacou a presença de estrelas como Philippe Coutinho e Dimitri Payet no time.
“Às vezes eu paro, olho para ele (Coutinho): ‘o cara estava na Copa do Mundo, na Champions’. Igual ao Payet, um francês, igual eu tive Fernandinho no Athletico. São caras sensacionais no mundo do futebol e sempre vou querer olhar para aprender um pouco. Sei que é difícil, os caras jogam demais (risos), mas que eles possam ajudar o Vasco. Aqui é a casa do Coutinho e muito feliz de estar jogando com ele”, disse, antes de concluir.
“A gente sabe que o Brasileirão é muito difícil, jogos muito difíceis. Vamos jogar contra o Grêmio (domingo, dia 28), que está lá embaixo agora, mas a gente sabe como é a grandeza do Grêmio. Vamos jogar todos os jogos para ganhar, a gente está numa sequência boa, momento bom, de confiança. Nós, jogadores, pensamos na parte de cima da tabela e é isso que vamos tentar colocar o Vasco lá e até beirar uma Libertadores. Tem muito caminho ainda, a gente sabe que é difícil, mas se Deus quiser vai dar tudo certo.”
Fonte: ESPN