A goleada histórica sofrida para o Flamengo no domingo ao mesmo tempo que choca, não surpreende. O Vasco sofreu um doloroso 6 a 1 em momento de incertezas fora de campo, planejamento equivocado e desorganização nas quatro linhas. O técnico Álvaro Pacheco estreou com a missão de recuperar o moral de um time que pareceu jogar a toalha diante do maior rival.
Para não dizer que não teve nada de bom no clássico, o Vasco foi competitivo nos primeiros 20 minutos e melhor do que o Flamengo. O time de Álvaro abriu o placar em golaço de Vegetti, com assistência de Galdames aproveitando o rebote da defesa rival em lateral cobrado por Puma na área. Isso aos 8 minutos do primeiro tempo. O argentino ainda perdeu chance incrível em cruzamento rasteiro que ele furou na área. E Rayan chutou para defesa de Rossi.
Depois deu pane no sistema.
O Vasco voltou ao esquema com três zagueiros, o preferido de Álvaro Pacheco no Vitória de Guimarães. Sforza e Galdames foram os meias, com Rayan e Payet puxando as transições e tentando, com dificuldades, reforçar a marcação de Puma e Lucas Piton.
Os erros começaram pela escalação. A maior surpresa foi David, titular nos primeiros seis jogos do Vasco no Brasileirão, não ser nem relacionado pelo técnico. Álvaro pecou em não fortalecer o meio-campo, escalado com apenas dois jogadores, sendo que um deles – Galdames – não tem a marcação como ponto forte. O setor foi dominado pelo Flamengo.
O Flamengo, que pouco incomodava até os 25 minutos, se aproveitou dos erros individuais do Vasco para fazer valer sua superioridade técnica. O time de Tite virou em 5 minutos e ampliou em 15.
Aos 27, Maicon falhou. O zagueiro tinha espaço para tirar a bola da área, mas errou o domínio e entregou para De la Cruz. Na sequência, ele perdeu dividida com Arrascaeta, que tocou para Cebolinha empatar com um belo gol.
O gol fez o Vasco desmoronar. O time, até então organizado defensivamente, conseguia proteger bem a sua área e jogava compacto. O erro de Maicon desencadeou outros, e o time sofreu dois gols em cobranças de escanteios. Com a área preenchida por vascaínos, os rubro-negros apareceram sozinhos para fazer 3 a 1 em 10 minutos.
Aos 32, após cobrança curta, Cebolinha passou por Payet e Piton e cruzou no segundo pau. O Vasco tinha oito jogadores na área e, mesmo assim, Pedro apareceu para empurrar de peito para o gol. Léo Jardim não achou a bola ao sair do gol, e Puma marcou o centroavante rival com os olhos.
Aos 42, novo colapso. Cebolinha cobrou escanteio à meia altura, e David Luiz não encontrou nenhum obstáculo para finalizar de primeira. Tinham nove jogadores do Vasco na área. Galdames era o responsável por marcar o zagueiro do Flamengo, mas não o acompanhou.
Aos 48, o golpe final foi a expulsão de João Victor. O zagueiro cometeu falta dura em De la Cruz após erro de passe de Léo. Não havia muita esperança para o Vasco no segundo tempo, a não ser evitar uma goleada histórica no Maracanã. Mas Álvaro Pacheco falhou no seu primeiro objetivo.
– Quando está criando uma identidade nova, aconteceu um imprevisto, eles esqueceram das referências novas e foram para as antigas. A equipe passou a pensar individualmente. Começou a saltar na pressão e a permitir muitos espaços ao Flamengo. Quando ficamos com um a menos, esses espaços ficaram mais evidentes – avaliou o técnico.
As substituições não ajudaram. Em vez de fechar o meio-campo, Álvaro optou antes em ir com Rossi no lugar de Rayan, com um 4-4-1 e a tentativa de ainda aproveitar alguma transição para impedir a tragédia. Em poucos minutos, o Flamengo criou boas chances e ampliou com Arrascaeta, aos 5 do segundo tempo. O Vasco não incomodou mais.
– O que eu senti é que uma linha de 4, e foi o que eu falei aos nossos jogadores (no intervalo), era muito importante para nos mantermos estáveis, não permitir que o Flamengo conseguisse fazer mais um gol. Porque se conseguíssemos nos manter estáveis, depois aproveitar os espaços que podia haver, principalmente em transições, e fôssemos capazes de fazer um gol, podíamos entrar novamente no jogo – explicou Álvaro Pacheco.
Perdendo por 4 a 1, o Vasco ainda tentou subir a marcação, e Álvaro mandou Sforza e Galdames pressionarem o adversário no seu campo. Depois, o português fez trocas para dar mais fôlego à defesa e tentar se fechar. Com marcação frouxa no meio e atrás, o técnico viu Bruno Henrique e Gabigol fecharem o placar da pior derrota vascaína para o Flamengo na história.
O caminho para o Vasco tentar reduzir as distâncias técnica e de elenco para o rival era a competitividade, que até deu as caras no começo, mas depois deu lugar aos erros e desatenção de sempre. O time se abalou muito fácil e mostrou que Álvaro terá trabalho.
Uma das missões é encontrar o melhor posicionamento para Payet. O francês foi improdutivo no clássico de domingo. Os espaços no meio-campo e na entrada da área também continuam sendo um problema. Tempo para buscar soluções ele vai ter: o Vasco só volta a campo no dia 13 de junho, contra o Palmeiras, no Allianz Parque.
Fonte: ge