O Vasco assinou, nesta quinta-feira, a adesão ao protocolo “Ouviu um NÃO? Respeite a decisão”, que prevê uma série de ações e recomendações para tornar grandes eventos mais seguros para as mulheres. O clube, junto com a Secretaria de Estado da Mulher, ofereceu um treinamento para funcionários envolvidos na operação em dias de jogo.
A primeira turma contou com cerca de 50 mulheres que atuam na segurança e nos demais postos de atendimento ao público. A ação visa treinar as funcionárias sobre como proceder na prevenção e no acolhimento de vítimas de violência, como agressões, assédio e importunação.
O clube é pioneiro nessa parceria no Rio de Janeiro. Agora, o Vasco vai abrir outras turmas e treinar todos os envolvidos nos jogos, inclusive os homens.
Violência contra mulheres e o futebol
Segundo a pesquisa “Violência Contra Mulheres e o Futebol”, idealizada pelo Instituto Avon e encomendada ao Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os boletins de ocorrências de ameaça contra meninas e mulheres aumentam em 23,7% quando um dos times de futebol da cidade joga.
– A pesquisa demonstra que há uma relação entre jogos de futebol e aumento de registros de violência doméstica. Naturalmente, não estamos sugerindo que a causa seja o jogo de futebol, que é uma paixão nacional, mas que este pode funcionar como uma espécie de catalisador das desigualdades de poder entre homens e mulheres – explicou Beatriz Accioly, coordenadora de Pesquisa e Impacto e de Enfrentamento às Violências contra Meninas e Mulheres do Instituto Avon.
No início deste mês, uma torcedora denunciou assédio sofrido durante o jogo entre Vasco e Portuguesa, em São Januário. A vascaína foi atormentada por um torcedor na comemoração do terceiro gol da vitória por 4 a 0.
Ela teve suporte do clube, que buscou mais informações sobre o ocorrido e se dispôs a ajudar na denúncia e na apuração. Foi um dos episódios que motivou o Vasco a aderir ao protocolo “Ouviu um NÃO? Respeite a decisão”.
Conheça o protocolo
O protocolo “Ouviu um NÃO? Respeite a decisão”, criado pela Secretaria de Estado da Mulher, tem orientações com objetivo de garantir mais segurança às mulheres para que elas possam se divertir em eventos, estádios e shows sem serem importunadas ou agredidas.
A ação inclui uma série de recomendações, como o uso de iluminação adequada em estacionamentos e banheiros, a divulgação de canais de ajuda para mulheres em emergência e dicas de como os seguranças devem abordar e agir em casos de agressões e importunações.
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O projeto também recomenda apresentar à vítima o aplicativo “Rede Mulher”. Baixado gratuitamente no celular, a ferramenta tem um botão de emergência que aciona eletronicamente o 190 da Polícia Militar, entre outras funcionalidades.
Ele deve ser aplicado em situações de violência contra mulher ocorridas em ambientes de lazer, como bares, restaurantes, casas de show e locais nos quais são realizados grandes eventos. Os principais pontos são:
1. Conscientização: estar ciente dos desafios enfrentados pelas mulheres em eventos e da importância do atendimento diferenciado.
2. Atendimento pleno de atenção: a equipe deve priorizar o atendimento imediato, total atenção à vítima, demonstrando disponibilidade para ouvir, empatia e compreensão, sem julgamento ou preconceito.
3. Escuta ativa: demonstre interesse genuíno pelo relato da mulher.
4. Respeito às decisões da mulher: nunca force a vítima a fazer algo que ela não queira, como registrar uma ocorrência policial ou buscar atendimento médico. Ofereça informações sobre as opções disponíveis, mas deixe que ela decida o que é melhor para si.
5. Atendimento discreto e humanizado: garanta que o atendimento seja em um ambiente seguro, longe de olhares curiosos, e mantenha a confidencialidade das informações compartilhadas pela vítima. Evite comentários ou piadas inadequadas.
6. Atenção prioritária à pessoa agredida: em caso de agressão, ela deve receber a devida atenção. Em casos graves, ela não pode ser deixada sozinha, a não ser que queira.
7. Não focar no processo penal: nesse primeiro momento a vítima deve ser acolhida. Questões policiais e do processo penal devem ser tratadas pelas autoridades competentes.
8. Rejeição do agressor: jamais demonstre cumplicidade com o agressor, mesmo que seja apenas para diminuir o clima de tensão no momento da atuação.
9. Rigor nas informações: respeite a privacidade da pessoa agredida e a presunção de inocência do acusado. Repasse informações sobre o caso apenas às autoridades competentes.
Fonte: ge