Se faltou padrão de jogo ao Vasco em muitos momentos dos últimos anos, com Ramón Díaz o time está ganhando forma e DNA. O treinador dá sua cara à equipe, mas não tem medo de mudar quando preciso e varia a formação. Foi assim na classificação na Copa do Brasil. Agora, para a última rodada da Taça Guanabara, novas mudanças vão acontecer.
Uma delas é natural. João Victor tende a voltar à zaga do Vasco. O zagueiro, que começou no banco diante do Marcílio Dias, fez falta em campo. Até porque ele é um dos pilares da formação preferida do técnico em 2024, a com três zagueiros. Na última terça, Ramón optou por Rojas ao lado de Medel e Léo. JV entrou no segundo tempo, mas na lateral direita. E foi bem.
Agora ele volta à zaga. O sistema, que em 2023 foi utilizado em jogos específicos, contra adversários mais preparados, neste ano tem se tornado marca do Vasco. Se engana quem pensa que a intenção é apenas melhorar a forma como o time se defende. A equipe de Ramón é preparada para construir desde trás.
E o perfil dos zagueiros contribui para isso. João Victor, Medel e Léo têm qualidade no passe e na saída de bola. Seja na esquerda, com Léo e Piton, na direita, com JV e Paulo Henrique, ou no meio, com Medel perto dos volantes, o Vasco ganha força na transição para o ataque.
Em 2024, o esquema começou a ser trabalhado na pré-temporada, quando Ramón e Emiliano Díaz tiveram mais tempo para preparar o time. Os zagueiros abraçaram a ideia e colocaram em prática nos primeiros jogos do Carioca.
Números de João Victor:
7 jogos (4 como titular)
2 finalizações
269 passes (246 certos)
5 lançamentos
2 assistências para finalização
5 desarmes
7 faltas cometidas (1 pênalti)
3 faltas recebidas
3 cartões amarelos
Ramón já conhecia o potencial de Medel e Léo desde o ano passado. Mas a chegada de João Victor foi fundamental para o técnico moldar o time. Com o zagueiro, comprado junto ao Benfica, o Vasco ganhou em verticalidade. JV tem facilidade para romper linhas e acelerar o jogo e é um dos jogadores que mais retém a posse de bola.
Com João Victor e Léo construindo e defendendo, o Vasco ainda consegue dar liberdade para os laterais Paulo Henrique e Lucas Piton pisarem mais no campo de ataque e, muitas vezes, aparecerem como pontas para deixar os dois atacantes mais perto do gol.
O Vasco tem aprimorado a forma de jogar e o elenco tem assimilado bem o novo esquema, o que favorece a manutenção. Mas a comissão técnica deixa claro que é algo que poderá ser mudado a depender do adversário, como aconteceu na primeira fase da Copa do Brasil. Ramón e Emiliano alternaram o sistema três vezes no decorrer do jogo. O time começou jogando com três zagueiros, mas passou a uma linha de quatro na defesa, quando JV atuou na lateral.
– Nós nunca nos fechamos em um sistema, depende do momento, às vezes tem mais desfalques que em outros. Futebol brasileiro é muito longo, tem muitos jogos, mas as coisas seguem acontecendo bem. O time se sente cômodo com esse sistema. Estamos contentes, até que siga funcionando vamos continuar assim – declarou Emiliano Díaz após a vitória sobre o Botafogo.
A decisão por tirar João Victor do último jogo foi opção do treinador. Entre a torcida a mudança não repercutiu bem, e em campo Rojas não correspondeu à altura. Mas o paraguaio tem a confiança do treinador, assim como JV. Com a defesa encorpada é provável que haja um revezamento de peças ao longo da temporada.
Vasco e Portuguesa se enfrentam às 18h10 de domingo, em São Januário. Se vencer, o time de Ramón avança às semifinais do Carioca sem precisar contar com outros resultados.
Fonte: ge