A chegada de Alex Teixeira ainda não teve o impacto que se imaginava no time do Vasco. Jogador tecnicamente muito acima do nível da Série B, com passagens de sucesso por Europa e Ásia, o atacante ainda busca se readaptar ao futebol brasileiro após quase 13 anos fora.
Aos 32 anos de idade, Alex tem o carinho do torcedor vascaíno, afinal de contas abriu mão de muita coisa para voltar ao clube – na apresentação, o meia-atacante disse que se recusou a ouvir outras propostas e que “a única opção era o Vasco”. As atuações nas vezes em que esteve em campo até aqui, no entanto, foram discretas.
O recorte ainda é muito pequeno, foram apenas quatro jogos, três deles como titular. Vindo de uma longa inatividade, sem jogar desde maio, Alex precisa evoluir fisicamente e ganhar ritmo de jogo. Ele iniciou os treinos no Vasco no dia 18 de julho, há pouco mais de um mês, portanto.
Além da falta de ritmo de jogo, há a questão de readaptação ao futebol brasileiro, especialmente à Série B, competição pegada e física. Seu posicionamento em campo, mais aberto pela esquerda, também tem gerado questionamentos.
– Acho que o Alex Teixeira renderia melhor por dentro, pela faixa central do campo. Ele até poderia jogar pela esquerda, mas com liberdade para se movimentar por dentro – acredita Conrado Santana, comentarista do SporTV.
– Até pela idade, já passou dos 30 anos, e pela qualidade, acho um desperdício a forma que ele vem jogando, que é aberto na esquerda, grudado na linha lateral, dando amplitude, deixando o meio para os outros jogadores. É um cara que tinha que participar mais do jogo. Como ele vinha jogando na Turquia, se pegar o mapa de calor, tem uma tendência mais pela esquerda, mas é mais centralizado. Várias vezes ele jogou como um 10 ou segundo atacante, atrás do centroavante – acrescentou Conrado.
É normal que hoje ele não seja o mesmo jogador que deixou o clube aos 19 anos. Aos 32, se já não tem a mesma explosão e velocidade, adquiriu experiência e faro de gols fora do país. Foi artilheiro no Shakhtar Donetsk e no Jiangsu Suning e marcou 166 gols no exterior. Mudou sua forma de jogar ao longo dos anos.
– Tem esse problema de jogar junto com o Nenê, porque o time perde combatividade para marcar, se movimentar. Pelo Nenê ser meia, o Alex tem sido escalado na ponta. Dá para os dois jogarem juntos, mas tem que fazer um esquema para dar liberdade para o Alex também. Talvez tirar o Raniel e jogar com um falso 9. Na minha opinião a prioridade deveria ser escalar o Alex Teixeira com liberdade, para ele poder cair por dentro do campo e fazer o time em volta disso – concluiu Conrado.
Nos quatro jogos que disputou, teve apenas uma participação direta em gol, na assistência para Raniel, contra a Ponte Preta. A fase do time também não ajuda. O Vasco atravessa seu momento de maior turbulência na Série B e venceu apenas uma vez com Alex em campo (contra o Tombense). Nos outros três jogos, foram duas derrotas e um empate.
Números de Alex Teixeira no Vasco:
4 jogos (3x titular e 1x reserva)
277 minutos em campo
Nenhum gol
1 assistência
3 finalizações (2 para fora e 1 bloqueada)
3 desarmes
4 faltas cometidas
6 faltas recebidas
4 impedimentos
1 cartão amarelo
Mudança de função?
Opinião semelhante à de Conrado Santana tem Sérgio Xavier Filho. Para o comentarista, o aproveitamento de Alex Teixeira como falso 9 poderia ajudar o Vasco ofensiva e defensivamente.
– Num time como o do Vasco, que já tem o Nenê, que é um jogador que você não vai contar com ele para recomposição… Eu estou olhando o conjunto da obra, o Vasco que ataca e o Vasco que tem que recuperar o mais rápido possível a bola. Ter o Alex Teixeira tendo que ajudar a fazer corredor, acho isso muito penoso e com poucas chances de dar certo no longo prazo, principalmente contra equipes que contra-ataquem bem. O Vasco perde a bola, o Nenê não vai recompor pelo meio, e o Alex Teixeira tem dificuldade de recompor pelo lado – disse, para completar:
– Acho muito mais lógico ter o Alex como 9, o falso centroavante, porque ele se mexe bastante, busca jogo, pode até inverter com o Nenê, e ter de um lado o Figueiredo e de outro o Marlon Gomes ou até o Pec, ter alguém que faça a recomposição. Claro que alguém tem que sair do time, sai o centroavante, acho que a torcida não vai reclamar se o Raniel entrar no segundo tempo só. Eu centralizaria o Alex Teixeira. Pelo lado, pode até funcionar um jogo ou outro, mas não vejo tendência de ser um mecanismo muito eficiente a longo prazo.
A comentarista Ana Thaís Matos compartilha de opinião parecida:
– É meio consenso que o Alex Teixeira jogando do lado esquerdo não tem funcionado, por algumas questões. Primeiro: ele fica sobrecarregado com a marcação, porque quando se joga no 4-2-3-1 com o Nenê no meio-campo, óbvio que o Nenê não está ali pra marcar, então o primeiro combate no campo de ataque acaba sobrecarregando os jogadores de lado. Se você coloca um cara mais jovem, óbvio que ele tem mais responsabilidade nesse primeiro combate e acaba participando menos da parte criativa, primeiro pela marcação e segundo porque a bola chega pouco – disse ela e acrescentou:
– Nesse momento eu testaria ele um pouco mais adiantado, jogando numa função de falso 9 e preencheria o meio sem precisar tirar o Nenê. Joga no 4-2-3-1 também, com o Nenê por dentro e Alex adiantado no lugar do Raniel. A gente acaba falando muito do Alex Teixeira e do Nenê, mas tem os laterais. Se você joga com os laterais fixos, como foi contra o CSA, que não avançam na linha de meio-campo, você perde muito em profundidade. Se você joga com o Edimar, eu acho que com bola, o Vasco pode jogar num 3-4-3 ou num 3-4-2-1, só que tem que liberar um desses laterais. Ou entra com o PV no lugar do Edimar e faz o lateral-direito ser mais zagueiro, porque aí não tem a necessidade de o Alex Teixeira fazer o corredor no lado esquerdo.
– Não só o Alex resume ele estar bem ou não, acho que o esquema todo, a forma como o time tem sido escalado, não tem contemplado o jogador que pode ser o Alex Teixeira – concluiu a comentarista.
Fonte: ge