Primeiro Riquelme e agora Lucão. A escalação do goleiro de 20 anos surpreendeu a muitos minutos antes da vitória por 2 a 1 sobre o Coritiba, mas apostar e dar moral a jovens é um hábito antigo de Fernando Diniz. Em seus últimos trabalhos de relativo sucesso, um ponto em comum foi sempre fazer garotos decolarem em Athletico-PR, Fluminense e São Paulo.
Nesse pequeno recorte de sete jogos, outros pratas da casa têm aproveitado o olhar aguçado de Diniz em relação à base. Bruno Gomes e Gabriel Pec, ambos de 20 anos, têm jogado frequentemente. Espaço também não falta para os “experientes” Ricardo Graça, de 24, e Andrey, de 23. Riquelme e Lucão, porém, merecem destaque por não terem conseguido sequência com Lisca.
No pós-vitória contra o Coxa, no sábado passado, Diniz elogiou a integração dos jovens com o mais experientes do elenco vascaíno e mostrou otimismo em relação ao futuro do clube.
– Eu acho que é uma combinação bem positiva. O elenco do Vasco, de fato, foi muito bem formado. A tendência é que melhore cada vez mais com a sequência de jogos. Tem muitos jogadores técnicos, muitos jogadores bons nas suas categorias de base, alguns aqui e outros que daqui um próximo momento vão pintar aqui. E isso faz parte do que o Vasco pretende para o futuro.
Selecionáveis de hoje surgiram com Diniz no Furacão
Desde que começou a emplacar trabalhos nos principais clubes do país, Fernando Diniz tem conseguido revelar ou recuperar jovens de valor. No Athletico-PR, que dirigiu na temporada de 2018, jogou luz sobre dois atletas que hoje frequentam as convocações de Tite: o volante Bruno Guimarães e o lateral-esquerdo Renan Lodi.
Em relação a Guimarães, a participação de Diniz é mais decisiva. Trabalhou com ele como treinador e coordenador técnico no Audax-SP entre os anos de 2015 e 2017. Quando o reencontrou no Athletico-PR, em 2018, o futebol de Bruno ganhou projeção nacional.
Após pinçar Bruno Guimarães da base no Audax, Diniz o bancou como titular no Furacão. Depois disso, mesmo com a saída do treinador, o atleta virou peça-chave e ídolo dentro do clube paranaense.
Renan Lodi, nascido em 1997 a exemplo de Bruno Guimarães, estava no sub-23 do Athletico-PR quando Fernando Diniz chegou ao clube. Com a saída de Sidcley para o Corinthians, Lodi foi promovido e começou a ter oportunidades. Tiago Nunes, sucessor de Diniz, o consolidou posteriormente.
Lodi, hoje no Atlético de Madrid, e Guimarães, do Lyon, até hoje representam as duas maiores transferências da história rubro-negra. As duas negociações renderam mais de 40 milhões de euros.
Pratas da casa do Flu têm primeira chance, e outros jovens de fora ganham espaço
No Fluminense, Fernando Diniz lançou logo no início da temporada de 2019 os habilidosos João Pedro e Marcos Paulo. Ambos já estão na Europa. O primeiro, atacante, defende o Watford. Já o meia, que saiu sem custos, assinou com o Atlético de Madrid.
Ao elogiar a Riquelme após a vitória por 2 a 0 sobre o Goiás, o treinador mencionou os dois ex-tricolores.
– Ele jogou muito bem, é um jogador extremamente talentoso e, sobre a nossa relação, a gente se aproximou logo no primeiro dia da minha chegada. Ele é colega de seleção do Marcos Paulo e do João Pedro, que trabalhei junto no Fluminense. Tivemos um conexão imediata. Ele é um jovem talentoso e que tem um futuro brilhante pela frente – afirmou o treinador.
O caso que mais chamou atenção foi o de Miguel, hoje no Bragantino e que recentemente deixou as Laranjeiras de forma litigiosa. O garoto também estreou em 2019, aos 16 anos, e sem contrato profissional assinado àquela altura. Logo em seus primeiros minutos, o meia iniciou jogada que terminou em golaço de bicicleta de João Pedro.
Puxado para treinar entre os profissionais em maio, Miguel estreou um mês depois. A decisão de Diniz relacioná-lo para jogo importante contra o Cruzeiro, pela Copa do Brasil, pegou de surpresa a diretoria do Fluminense, que ainda negociava a assinatura do primeiro contrato profissional do atleta.
Não só pratas da casa ganharam olhares atentos de Fernando Diniz. Os recém-contratos Dodi (23 anos), Allan (22), Nino (22) e Caio Henrique (21) tornaram-se peça importante do Fluminense pelas mãos do treinador. Caio e Nino passaram a ser convocados para a seleção olímpica, e o zagueiro fez foi titular do time que conquistou a medalha de ouro em Tóquio.
Antony troca banco e vaias pela Europa, e trio começa a se firmar
Ainda no assunto seleção olímpica, outro medalhista de ouro e hoje integrante do time de Tite também tem muito a agradecer a Diniz. O atacante Antony era reserva e alvo de vaias quando o treinador chegou ao Morumbi, no fim de 2019.
Logo em sua estreia, no empate com o Flamengo, em 28 de setembro, Diniz o escalou como titular. A partir daí, Antony deslanchou, tornou-se o principal jogador do São Paulo e rendeu 16 milhões de euros aos cofres tricolores no início de 2020. Em recente entrevista ao “The Guardian”, da Inglaterra
– Ele é um homem que te levanta quando você comete um erro. Ele faz você se sentir confortável. Isso é o que ele fez comigo. O primeiro jogo dele foi contra o Flamengo. Lembro que ele me chamou e me deixou à vontade, dizendo: ‘Sempre que você pegar a bola, quero que avance sempre que puder. Não importa se você cometer um erro’. É assim que jogadores como Brenner e Gabriel Sara têm florescido. É o Diniz.
Mencionado por Antony, Brenner foi outro a garantir uma transferência vantajosa para o São Paulo. Saiu em negociação fechada em cerca de US$ 15 milhões. O jogador vinha de passagem apagadíssima pelo Fluminense (fora emprestado em 2019), estava sem espaço no Morumbi, mas passou a jogar com Diniz e terminou a temporada passada como artilheiro do time, com 22 gols, e destaque de uma equipe que chegou a liderar o Campeonato Brasileiro, vencido pelo Flamengo na reta final.
Outros que hoje em dia têm bastante espaço no Morumbi são os meias Igor Gomes e Gabriel Sara, ambos bancados por Fernando Diniz.
Fonte: GloboEsporte.com