Na próxima sexta-feira, São Januário completa 90 anos de sua inauguração. De lá para cá, foram vários episódios curiosos, estranhos, violentos… Conheça abaixo alguns dos “causos” mais emblemáticos da Colina, brigas, lendas e mitos. Tem sapo enterrado, cachorro barrado, Dinamite contra o Cruz-Maltino, técnico sendo chamado de inteligente, locutor cutucando arbitragem, invasão de Eurico Miranda, técnico Romário se escalando para jogar e Joel Santana… sendo Joel Santana. Divirta-se e, se lembrar de outras histórias comente!
GOLEOU? VAI ENGOLIR SAPO! – 1937 – 1945
O Vasco soube comprovar seu bom momento no Campeonato Carioca de 1937 em grande estilo: não teve piedade do modesto Andaraí, e sapecou uma goleada por 12 a 0. Porém, o placar dilatado ficou para lá de indigesto. Conta com o folclore da época que, indignado com a derrota, o atleta Arubinha teria amaldiçoado o Cruz-Maltino: enterrou um sapo em São Januário e disse que o clube não faturaria títulos por 12 anos. Passaram-se os anos, e o Vasco seguia a ver navios, a ponto de dirigentes tentarem “localizar” o sapo maldito. O alívio veio em 1945, devido à nova volta olímpica dos vascaínos com o Carioca de 1945.
CACHORRO DE ESTIMAÇÃO NÃO ENTRA! – 1948
O embate de superstições já marcou uma decisão de Campeonato Carioca entre Vasco e Botafogo. O presidente botafoguense, Carlito Rocha, “adotara” o Biriba como mascote e, como fazia em todas as partidas, tentou entrar com ele em São Januário para acompanhar a final. O Vasco tentou barrar a entrada de Biriba no estádio, mas não obteve sucesso e, em campo, ainda aconteceu o pior: o Expresso da Vitória sucumbiu com um 3 a 1 para o Botafogo.
REZA FORTE – 1989
A partida entre o Vasco e o modesto Nova Cidade teve contornos dramáticos pelo Campeonato Carioca de 1989. Após abrirem o placar, os donos da casa viram os adversários virarem, mas, na reta final, chegaram ao empate. No finzinho, o árbitro marcou pênalti a favor do Cruz-Maltino, e Bismarck desperdiçou. Enquanto o Nova Cidade suportava a pressão visando se manter na elite, reservas e dirigentes do clube de Nilópolis rezavam ajoelhados em busca do fim da partida com um empate salvador.
‘EU NÃO GOSTARIA DE TER ESSA TARDE…’ – 1989
O dia 21 de outubro de 1989 soou como estranho no calendário dos cruz-maltinos. Após muitos anos comemorando gols de Roberto Dinamite, São Januário viu a entrada do atacante no estádio para ser adversário do Vasco, atuando pela Portuguesa. A torcida vascaína encheu o ídolo de homenagens, na partida que ficou em 0 a 0. Ao fim, Dinamite disparou: “Eu não digo que foi uma tarde especial. Eu não gostaria de ter essa tarde”.
O DIA EM QUE A TORCIDA PEDIU PARA O VASCO ENTREGAR – 1992
Pelo Brasileirão de 1992, Vasco, Flamengo, São Paulo e Santos estavam no Grupo 1 da segunda fase do torneio, em que o líder iria à decisão. Na última rodada, o Cruz-Maltino precisava vencer o Tricolor e torcer por empate entre Rubro-Negro e Peixe no Maracanã, que acontecia ao mesmo tempo. O Gigante da Colina vencia por 2 a 0, e o resultado a alguns quilômetros era favorável ao outro time carioca da chave por 2 a 1. Mesmo com a possibilidade de sair um gol do Alvinegro Praiano a qualquer momento, parte da torcida pediu para que Edmundo, Bebeto e companhia entregassem. Saiu mais um gol do Vasco, com o Animal, e o Fla fez mais um, foi à final e foi campeão.
MAESTRO JÚNIOR USANDO O CAPACETE DE FORMA ERRADA – 1992
Em 1992, o Maracanã estava interditado por conta da tragédia na final do Brasileirão, e o clássico entre Vasco e Flamengo foi jogado em São Januário com a conquista já garantida pelo time da casa, mas precisando ratificar a invencibilidade do Cruz-Maltino na Taça Rio. Os rivais ficaram no empate em 1 a 1, gols de Edmundo e Marcelinho Carioca. Além da confirmação do título invicto, a partida ficou marcada ainda por uma cabeçada de Júnior, eterno ídolo rubro-negro, no árbitro Jorge Travassos. Há quem garanta ainda ter visto o zagueiro Júnior Baiano ter feito gestos obscenos à torcida vascaína.
BRIGA CAMPAL ENTRE VASCAÍNOS E SANTISTAS – 1994
Uma das maiores brigas entre torcidas cariocas e paulistas aconteceu durante o Campeonato Brasileiro de 1994 em São Januário. Tudo começou no bar da arquibancada, quando um vascaíno arrancou uma touca de um santista. A briga começou e foi crescendo de forma incontrolável pelos 70 policiais presentes. Uma outra torcida organizada do time da casa ajudou os paulistas, que tiveram que pular da arquibancada, das grades mais afastadas, e chegaram a fazer uma bagunça no gramado. Acabaram escapando de um massacre, pois os vascaínos estavam muito irados. Foram cerca de 10 feridos, alguns menores de idade.
‘TÁ SATISFEITO AÍ?’ – 1996
Com um a menos, o Vasco vencia o Grêmio por 1 a 0, com gol de Pimentel, pelo Campeonato Brasileiro de 1996 e segurava a pressão mesmo com um jogador a menos. Mas, em um rebote de bola aérea, Paulo Nunes conseguiu o empate nos acréscimos. Irritado com o tempo acrescentado, o locutor do placar disparou contra o árbitro: “Tá satisfeito aí, ô, cretino?”.
FLA AJUDA A REBAIXAR O FLU NA COLINA – 1996
Na última vez que o Flamengo mandou um jogo em São Januário, não levou o seu time principal. Para desespero do Fluminense, que corria risco de rebaixamento. O Rubro-Negro enfrentou o Bahia, concorrente direto do Tricolor das Laranjeiras, e derrotou o clube carioca na Colina. O Flu acabou indo para a degola, mas não caiu por conta do tapetão e esteve na elite em 1997.
‘É MARMELADA!’ – 1997
São Januário registrou uma situação inusitadíssima no Carioca de 1997. O Vasco perdia em casa e não conseguia furar o bloqueio de um Volta Redonda com dois jogadores a menos, e o árbitro continuava a deixar o jogo correr. Até, aos 49 minutos, Ramón igualar o placar. O empate causou revolta nos atletas do Voltaço e, alheio à questão, o árbitro indicou que daria mais tempo para jogo. Aos 51, Ramón garantiu a vitória por 2 a 1 e, ao fim da partida, o juiz saiu escoltado, ouvindo impropérios, e chegou a cair em campo após receber um chute. Diante do panorama, os vascaínos ironizaram na arquibancada: “É marmelada! É marmelada!”.
UNIFORMES IGUAIS E ATRASO – 1997
Em clássico entre alvinegros na Colina deu confusão em 1997. Vasco e Botafogo foram com calções da mesma cor, e o árbitro Ubiraci Damásio alertou os capitães. O time visitante deveria trocar, porém, o Glorioso não tinha levado outra opção. O presidente do Cruz-Maltino, Antônio Soares Calçada, apaziguou a situação e o seu clube acabou trocando. Mas a partida começou com praticamente 45 minutos de atraso.
PEDRADA, VOADORA, COTOVELADA – 1997
O Vasco queria ter levado o jogo da Supercopa da Libertadores de 1997 contra o River Plate para Manaus, mas por questão de televisão, não consegui. Foi em São Januário, e teve de tudo lá, menos futebol. Edmundo foi expulso por uma cotovelada, Felipe viu o cartão vermelho por uma voadora, ninguém entendeu se Pedrinho foi ou não excluído da partida e Antônio Lopes invadiu o gramado. Para completar, a torcida acertou uma pedra no árbitro auxiliar e o jogo foi encerrado ainda no meio da etapa final.
AGRESSÃO A LATERAL – 1999
Após a eliminação na Copa do Brasil de 1999 contra o Goiás, o lateral-direito Zé Maria foi o alvo da torcida. Um dos primeiros a deixar São Januário após o jogo, acabou tendo o seu carro cercado e passou por um sufoco. Não se machucou, e apenas o retrovisor foi mais danificado. Mas o episódio influenciou na saída do jogador.
‘INTELIGENTE! INTELIGENTE!’ – 1999
A torcida do Vasco já apostava em Edmundo e ainda tinha a confiança de que Viola também ajudaria a superar o Nacional-URU, pela Copa Mercosul de 1999. Porém, o tempo passava e o zero não saía do placar, quando o técnico Antônio Lopes fez uma alteração: sacou Viola para a entrada de Alex Oliveira. O meia entrou sob vaias e o técnico ouviu o coro de “Burro! Burro!”. E eis que, aos 44 minutos do segundo tempo, a resposta veio em grande estilo. Alex Oliveira fez bela jogada e, da entrada da área, garantiu o triunfo por 1 a 0. Quando partia para o vestiário, Antônio Lopes ouviu um coro de “Inteligente! Inteligente!”.
LOPES 500? FESTA OFUSCADA – 1999
Em 1999, Antônio Lopes completava 500 jogos no comando do Vasco. Contra o Paraná pelo Brasileiro, o árbitro Paulo Cesar de Oliveira foi rigoroso com o time da casa e expulsou três jogadores: Mauro Galvão, Alex Oliveira e Juninho Pernambucano. Após o cartão vermelho ao zagueiro, e o jogo já empatado em 1 a 1, Eurico Miranda, então vice-presidente de futebol, invadiu o gramado. Vários jogadores reclamaram muito e o dirigente acusou o juiz de ser irresponsável.
QUEDA DO ALAMBRADO – 2000
Um dos episódios mais marcantes de São Januário aconteceu em 2000, na final do Campeonato Brasileiro contra o São Caetano. Após a saída de Romário, lesionado, começou uma confusão e o alambrado caiu. O jogo foi interrompido e as polêmicas duram até hoje. Esse incidente terá um capítulo especial nesta série. Veja mais detalhes nesta quinta-feira.
ESTÁ COMEMORANDO O QUE? – 2004
Pelo Brasileirão de 2004, o Vasco estava perdendo para o Palmeiras por 4 a 0 dentro de casa, em partida em que o Vasco tinha o “lendário” goleiro Tadic, amigo de Petkovic, como titular. Com o resultado adverso, Geninho resolveu colocar o então jovem André Lima, recém-contratado junto ao Madureira. O atacante, que passou por clubes como Botafogo, Fluminense, Grêmio, São Paulo e está no Vitória, comemorou de forma desproporcional para a goleada sofrida. Pessoalmente era especial, era o seu primeiro gol como profissional, mas pegou mal para a torcida e passou a ser perseguido.
CONFUSÃO E FUGA DA DEGOLA – 2004
Também pelo Campeonato Brasileiro de 2004, o Vasco brigava contra o rebaixamento e ia enfrentar o Atlético-PR na penúltima rodada em casa, sendo que o Furacão disputava o título contra o Santos. Com muita tensão no ar e Eurico exaltando o “estádio hostil”, houve confusão nos arredores de São Januário, com direito a bombas de efeito moral e spray de pimenta. A torcida visitante entrou com o jogo em andamento, os jogadores teriam sido trancados no vestiário durante um período, e o Vasco ganhou de 1 a 0, gol de Henrique. Curiosamente o Cruz-Maltino visitou o Peixe na rodada seguinte, perdeu por 2 a 1 e o Peixe foi campeão, fazendo do clube carioca o fiel da balança naquela edição.
SOU TREINADOR, EU ME ESCALO – 2007
São Januário assistiu à estreia de Romário em uma outra área: como treinador de futebol. Em 24 de outubro de 2007, o Baixinho comandou o Cruz-Maltino na partida contra o América-MEX, pelas quartas de final da Copa Sul-Americana. A equipe vencia por 1 a 0, com gol de Leandro Amaral, mas o placar não era suficiente (os mexicanos fizeram 2 a 0 na ida). O camisa 11 não pestanejou: aos 20 minutos, tirou o agasalho e foi para campo, no lugar de Allan Kardec. Ele bem que tentou, mas também parou na grande atuação de Ochoa naquela noite.
A ESTÁTUA DA DISCÓRDIA – 2008
O símbolo da rixa política entre Eurico Miranda e Roberto Dinamite ficou explícito em 2008. O atual mandatário do Vasco anunciou que São Januário teria uma estátua em homenagem a Romário, por seu gol mil na carreira ter ocorrido em São Januário. O monumento, que soou como farpa a Dinamite (visto como o maior ídolo do Vasco nas quatro linhas) está atrás da meta da capela de Nossa Senhora das Vitórias.
DIEGO? THIAGO? O DA MERCEDES? TOREIA? JOEL SENDO JOEL – 2011
Treinador histórico e com vários títulos pelo Vasco, Joel Santana também foi personagem na Colina como visitante. Em 2011, o Papai estava no Cruzeiro e tinha assumido poucos dias antes. Ao receber a sugestão de seu auxiliar de quem deveria entrar, rebateu que botar era fácil, difícil era tirar. E perguntou o nome do centroavante, referindo-se a Thiago Ribeiro. Ao ser informado de quem era, passou a chamá-lo de Diego. Ao descobrir que estava errado, ficou mais fácil usar o carro dele como referência, e passou a ser “o da Mercedes”. Isso além de incentivar o zagueiro a marcar o rival gritando “toreia”. Seja lá o que isso for…
O HAITI É AQUI – 2014
Um amistoso preparatório começou com gostinho especial para a Itália (com 19 segundos, Giaccherini fez o gol mais rápido da Azzurra na época), mas o fim foi de festa e história para o Haiti. Os haitianos perdiam por 2 a 0 mas, apoiados pelos torcedores que foram a São Januário, arrancaram o empate em 2 a 2 aos 45 minutos do segundo tempo, e celebraram ao som de “Haiti é o time da virada”.
EI, VOCÊ! É, VOCÊ AÍ! JOEL OUTRA VEZ SENDO JOEL – 2014
Joel Santana explicitou em São Januário como era assumir o comando de uma equipe no decorrer de uma competição: na estreia como comandante do Vasco na Série B de 2014, ele não sabia o nome de Jordi, titular durante o 2 a 0 sobre o Luverdense. Para direcionar-se ao goleiro, Papai Joel recorria ao velho “Ei, ei, ei!”.
Fonte: LANCENET!