Luis Fabiano ainda não completou nem dois meses desde que foi apresentado oficialmente pelo Vasco, mas já viveu muitas – e distintas – emoções neste curto período. Recepção de ídolo, jejum, cartão vermelho, julgamento, efeito suspensivo, gol e… título. A Taça Rio, conquistada após a vitória por 2 a 0 sobre o Botafogo, domingo, no Nilton Santos, serviu para dar ânimo ao time e tirar um peso das costas do camisa 9, que marcou seu primeiro gol com a camisa cruz-maltina.
– Abençoado Manguita. Que passe!
Aos 47 minutos do segundo tempo, o colombiano Manga entrou na área livre, de cara para o goleiro, e rolou para o lado. Luis Fabiano só escorou para e rede. Gol do título, que o atacante de 36 anos espera que seja o primeiro em sua trajetória na Colina. Em entrevista, ele não descartou que o Vasco seja seu último clube da carreira.
– Tenho dois anos de contrato e pretendo cumprir. Depois, provavelmente deixarei de ser jogador de futebol. Não sei como vai ser, mas acho muito difícil jogar depois deste período. A não ser que apareça alguma coisa de curto prazo. De repente seis meses pela Ponte Preta, não sei. Para encerrar. Mas hoje sei que estão bravos comigo (risos). Senão vai ser no Vasco, com muito orgulho – afirmou.
Confira a entrevista completa com o Fabuloso:
GloboEsporte.com E o primeiro gol foi logo de título. Como foi conviver com esta cobrança até a final da Taça Rio?
Finalmente, a expectativa era enorme por esse primeiro gol. Eu estava me cobrando muito que isso acontecesse. Na verdade, todos estavam nesta expectativa. Companheiros, funcionários do clube… Diziam todo jogo: “Vai sair! Vai sair!”. E não saía. Mas saiu em um momento certo, em uma final, com direito a título.
A pressão pelo gol era maior externamente ou dentro do próprio clube?
Pressão aguento tranquilo, joguei em grandes clubes. Atacante sempre é pressionado por ter que fazer gols, e o camisa 9 então nem se fala. Quanto a isso estou muito tranquilo, mas existe sim um incômodo de ficar sem marcar. Até porque fui recebido de uma forma espetacular e quero retribuir esse carinho todo.
Houve um prenúncio coletivo para seu gol contra o Botafogo?
Antes desse jogo, muitas pessoas do clube me falavam com uma convicção que eu ia fazer o gol que era impressionante. Vários jogadores chegaram e disseram: “É hoje que você vai fazer o gol”. O Rodrigo, meu amigo de longa data, desde a época da Ponte Preta, antes da partida me disse que estava sentindo que ia sair. Foi importante receber esse pensamento positivo de todos. Fico feliz e grato pelo carinho, por essa união. Ao Manga… Manga, Manguita… Abençoado Manguita. Que passe! No último minuto. Agradeço muito, me deram muita força. Viram que eu estava incomodado.
Agora abriu a porteira?
Abriu. Segura! Espero que venham muitos mais.
O gol saiu logo no último lance, e você já tinha passado perto de marcar algumas vezes na partida…
Todo jogo eu entro confiante que, com uma oportunidade ou duas, vou acabar fazendo o gol. Senão, já entra morto, desligado. Mostrei que queria fazer o gol desde o início, foram várias tentativas. Na última eu consegui. Outros lances poderiam ter saído o gol, em dois rebotes. Em um do Nenê que o goleiro espalmou e eu tentei puxar. Goleiro já estava meio fora. O rebote da cabeçada do Douglas estava boa para pegar, mas eu chutei muito forte e ela perdeu um pouco a direção. Fiz um gol legítimo, do meu ponto de vista. O goleiro que veio para cima de mim, mas o árbitro anulou.
Como foi ter que se concentrar na final e ter um problema de saúde na família?
Tenhos um ótimo relacionamento, o sogro é um pai que você ganha da vida. Durante a final minha esposa estava em um momento difícil, estava em Campinas para acompanhar o pai, que estava na UTI. É ruim saber que um familiar está no hospital. Tentei esquecer, entrar em campo e jogar com a cabeça leve, tranquila, para dedicar o título depois. Pior seria perder e ainda viver esse drama. Ele ainda está no hospital. Vai ficar um tempo, mas está melhorando a cada dia. Esperamos que até o fim da semana possa sair.
Seu desabafo depois do jogo foi uma resposta aos críticos?
Não sou de assistir muito a programas de esportes. Às vezes se critica além da conta. Receber crítica é natural, se não está bem. Se espera muito de um jogador que já jogou em grandes clubes do Brasil, na Europa, e que se espera que sempre faça gols. Mas muitas críticas são desleais, infelizmente. Mas no fim deu tudo certo. Não dedico aos críticos, não quero nem saber deles. Dedico aos que me ajudaram, que acreditaram e estiveram ao meu lado.
Sua família está gostando desta experiência inicial no Vasco e no Rio de Janeiro?
– Já me pediram para que seja a última mudança (risos). Já moramos em muitos lugares. Tenho dois anos de contrato com o Vasco e pretendo cumprir. Depois, provavelmente deixarei de ser jogador de futebol. Não sei como vai ser, mas acho muito difícil jogar mais depois deste período. A não ser que apareça alguma coisa de curto prazo. De repente seis meses pela Ponte Preta, não sei. Para encerrar. Mas hoje sei que estão bravos comigo (risos). Senão vai ser no Vasco, com muito orgulho.
Este título da Taça Rio poderá se tornar um marco para um salto de qualidade do Vasco no ano?
É um momento muito feliz, levantar uma taça em pouco tempo. Muitos querem desvalorizar, mas sabemos que título é título. Quando ganha traz coisas boas, e o vencedor sente um gosto especial. O perdedor vai sempre desvalorizar mesmo. Para nós foi muito importante pelo trabalho que desenvolvemos. Grupo novo, time novo, treinador novo… Será importante também para nos dar confiança e uma semana tranquila de preparação para semifinal. Sabemos que está apenas começando e espero viver um momento fabuloso em dezembro com o Vasco bem no Brasileiro, se possível na Libertadores. E se nos deixarem lutar por coisas maiores, vamos lutar.
Qual o percentual do mérito do técnico Milton Mendes nesta conquista?
Ele conseguiu organizar o time de uma maneira muito rápida. Muitos treinador chegam a logo dizem que precisam de tempo, e ele já conseguiu colocar seu método de trabalho fazendo com que o elenco assimilasse. Tem um grande mérito. Vem dando certo.
Qual sua expectativa para a semifinal contra o Fluminense, no sábado?
Acho que será mais uma grande partida, com mais uma grande vitória, mesmo que não saia gol do Luis Fabiano. A alegria do grupo é a vitória.
O que esperar do Fluminense e do Vasco para este clássico?
O Fluminense é um grande time, tem grandes jogadores e um comandante experiente. Esperamos, nesse bom momento que vivemos, fazer uma grande partida. Estamos crescendo na hora certa. Claro que precisamos melhorar em alguns pontos, mas estamos crescendo. Seremos uma equipe competitiva no início do Brasileiro.
Você foi escalado por causa de um efeito suspensivo. Existe a preocupação de ter que ficar fora (o julgamento do recurso ainda não foi marcado)?
Não sei quando vai ser o julgamento. Mas isso deixo com o jurídico do Vasco. Acho que no final dará tudo certo.
Fonte: Globo.com