Álvaro Miranda Diretor da base quer reforma de CT de Caxias e melhorar transição para profissional

É natural que a torcida vascaína deposite uma confiança especial na base do clube. Afinal, o Vasco revelou ídolos no futebol como Roberto Dinamite, Romário, Carlos Germano, Edmundo, Felipe, entre outros. A expectativa é sempre grande sobre os jovens jogadores, e, no que depender de Álvaro Miranda, as categorias de base estão na direção certa.

Em entrevista ao GloboEsporte.com, o diretor geral das categorias de base fez um balanço do ano de 2016, enfatizou a melhora na parte estrutural e disse esperar bons resultados a longo prazo. Algumas situações estão em andamento: um exemplo é o projeto de reformar o CT de Caxias para construir novos campos – o local de treinamento é um dos problemas apontados por Álvaro para serem resolvidos.

O diretor explicou também as dificuldades do sub-20 nesta temporada. Segundo ele, a transição da maioria dos titulares para o time profissional teve impacto negativo na regularidade da equipe nos campeonatos que disputou (Copa SP, Taça Guanabara, Taça Rio, Brasileiro, Copa do Brasil, OPG e Copa RS).

Foram 10 atletas que subiram para o plantel principal, alguns voltando para jogar em sua antiga categoria quando necessário. Nesse ano, o Vasco chegou à decisão do Torneio Otávio Pinto Guimarães após seis anos, mas perdeu o título para o Flamengo.

Em categorias mais jovens, o Vasco foi melhor em termos de resultados. Foram quatro títulos estaduais: no fraldinha (sub-08 e sub-09) e no pré-mirim (sub-10 e sub-11). Além disso o sub-15 ganhou as Copas Guri e Rio-Minas, o sub-14 a Taça Rio, o sub-13 a Taça Guanabara e a Copa Light, o sub-10 o Torneio Início da Copa Dente de Leite e o sub-09 o Torneio Início do Festbolin. O sub-12 foi campeão do Mundialito Go Cup e da Copa Caldas Novas.

Confira as respostas de Álvaro Miranda:

GloboEsporte.com: Qual balanço você faz das categorias de base em 2016?

Álvaro Miranda: Pegamos o clube com contrato de formação com nove meses de atraso, contrato profissional com três meses atrasado, concentração destruída, quadra de futsal destruída, restaurante largado e colégio largado. Num primeiro momento, entendemos que deveríamos investir na infraestrutura e hoje temos uma concentração de nível, um colégio de nível, uma quadra restaurada, restauramos o campo do CT de Caxias, fizemos um convênio com a refinaria de Manguinhos, adquirimos quatro ônibus e estamos próximos de inaugurar o Caprres Base. Dentro dessa realidade, acredito que os resultados foram satisfatórios, até porque não trabalhamos em cima de títulos. Nosso foco é em cima na qualificação de grupo e dos valores individuais.

Qual é a maior dificuldade estrutural da base do Vasco no momento?

Nossa principal dificuldade hoje diz respeito ao local de treinamento. Estamos com o objetivo de reformar o CT de Caxias no próximo ano, para construir mais alguns campos. Com isso, teremos uma casa de verdade. Falando especificamente dos resultados, estivemos em quase todas as finais das categorias inferiores, chegamos na decisão do sub-17 e voltamos a disputar um título estadual no sub-20 após sete anos. Fora isso, tivemos mais de 10 jogadores convocados para a Seleção Brasileira. Então, foi um desempenho satisfatório.

As categorias mais jovens tiveram desempenho melhor do que o sub-20. Você acredita que essa categoria ficou defasada esse ano?

O sub-20 tem uma visibilidade hoje em dia tão grande quanto o profissional, mas para nós o trabalho que é desenvolvido nas categorias iniciais é tão importante quanto. A grande maioria dos jogadores que revelamos, talvez 80 ou 90 por cento, começou no futsal e criou uma identificação com o clube, passou a valorizar a camisa do Vasco. Isso é crucial na carreira do atleta. O sub-20 é a categoria mais próxima do profissional, mas tivemos muitos problemas nesses primeiros dois anos. Pegamos um elenco com mais de 80 atletas e tivemos que fazer um redução drástica. Mesmo assim, conseguimos promover mais de 10 jogadores nesse ano. Como você vai construir uma equipe forte, um grupo forte, com 10 jogadores titulares que estão ligados diretamente ao profissional? É mais ou menos por aí.

Quais foram os principais problemas dessa categoria em 2016?

O principal problema que tivemos no sub-20 foi a transição. Esse elo entre o sub-20 e o profissional. O treinador do profissional tem fator fundamental nesse processo. Se ele entender e trabalhar em conjunto com a base, com certeza a possibilidade de êxito é maior. Tivemos muitos jogadores que subiram para o elenco e não conseguiram jogar lá. Quando eles voltavam para jogar na base, enxergavam uma outra realidade. É difícil o garoto sair dos juniores, ir para o profissional, vivenciar uma vida totalmente diferente e manter o mesmo rendimento que tem lá em cima na base. Isso foi uma coisa que nós vimos e entendemos que precisamos melhorar. Já tivemos algumas conversas com o Cristóvão para corrigir isso. Vamos sentar nos próximos dias com o Anderson também para alinhar algumas coisas. Nosso objetivo é fazer com que esses meninos tenham um aproveitamento e um desempenho melhor.

Como melhorar isso para o ano que vem? O técnico Cristóvão Borges deve aproveitar alguns garotos para o time profissional.

A expectativa em cima desses garotos que estão no profissional é grande. Esses meninos possuem um potencial gigante, mas sabemos que diversos fatores influenciam no processo. O resultado e acolhimento da torcida são alguns. É normal que esses meninos tenham um pouco mais de dificuldade e levem mais tempo para se adaptar. Se a torcida e o corpo técnico, principalmente, entenderem isso, tenho certeza que eles vão ter êxito. Todos esses garotos possuem passagem de destaque pela seleção brasileira e uma grande identificação com o clube. São meninos que conhecem o clube, assim como o Thalles e Luan, que também foram criados aqui dentro. Com a junção deles com os mais experientes, o Vasco tem tudo para ter um bom ano em 2017.

Tem algum projeto em andamento para as categorias de base?

Temos alguns projetos em andamento. O principal é a construção dos campos em Caxias. Estamos implementando o currículo Vasco, que será utilizado em todas as categorias de base. Nele, iremos padronizar todas as questões físicas, técnicas e táticas da base. Todo o profissional que entrar ele vai ver que o Vasco tem uma diretriz, um norte. É importante deixar claro que os clubes que hoje possuem um trabalho de êxito na base possuem algo parecido e demoraram pelo menos seis anos para implantá-lo. Estamos tirando o Certificado de Clube Formador. Já fizemos todo o processo, encaminhamos para os órgãos competentes e estamos esperando a aprovação. Além disso, temos projetos que ajudam na evolução do menino como atleta e cidadão, caso do Colina Cultural, que oferece até curso de inglês. Temos o Papo na Colina, onde trazemos um jogador que está no profissional para conversar com os mais jovens, o que ajuda no aumento da identificação do garoto com o clube. Enfim, estamos trabalhando, mas os resultados só serão colhidos a longo prazo.

Acredita realmente que o Vasco tem potencial para revelar novos garotos como Philippe Coutinho e Alex Teixeira, por exemplo?

Esses meninos são “extra série”, então não posso garantir isso. O que tenho certeza é que temos grandes valores individuais em todas as categorias, atletas que são referências em todas as faixas etárias do Brasil. Se eles vão vingar ou não, depende do processo, da dedicação deles e do acompanhamento nosso em todas áreas. Temos um projeto hoje no Vasco, chamado “Promove”, que valoriza os garotos mais destacados e oferece toda uma estrutura multidisciplinar para eles.

Fonte: GloboEsporte.com

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