O 28 de agosto de 2011 não sai da memória de Ricardo Gomes. Durante o jogo com o Flamengo, um AVC tentou vencer o então treinador do Vasco da Gama, mas a luta pela vida foi mais forte e ele sobreviveu. O tempo passou e Ricardo Gomes olha para o futuro como fez em 1982, quando subiu dos juniores ao profissional do Fluminense. Em entrevista à Rádio Bradesco Esportes FM, ele revela que a volta ao futebol agora está próxima.
“Não tenho nenhuma contraindicação porque o problema é genético. Pressão tem em toda profissão. Se eu recuperar totalmente, volto como treinador. Se eu não recuperar, volto em outra função. Não tem prazo para voltar”, ressaltou Ricardo Gomes, que conta com o apoio da família para voltar ao trabalho. “Eles estão enjoados e preocupados para que eu volte a trabalhar logo”.
O pós-Copa do Mundo é um assunto que o ex-treinador do Vasco não fugiu e colocou o pé como se estivesse em uma dividida. Sem medo de perder para o adversário do dia a dia, Ricardo Gomes mostrou toda classe para mandar um recado aos dirigentes.
“Poderíamos fazer uma discussão mais forte em relação a nossa formação. Abandonamos o processo de criação. Melhorando a formação dos jogadores, você tem times mais fortes. O importante é a formação. Copiar os europeus não é certo e não daria certo. Focando na formação, teremos uma seleção mais forte. Simples assim”, explicou ele, ciente de que o Rio está atrasado.
“Os clubes do Rio ficaram em situação difícil economicamente e cortaram o que era principal: o investimento na infraestrutura e na base também. Com o passar dos anos, o Fluminense teve este entendimento e isso pode ser consertado, não rapidamente, mas com boas discussões e apoio da CBF. Você muda a diretoria a cada dois anos e isso, consequentemente, a vaidade atrapalha no processo”, avaliou o técnico.
Em busca da volta ao futebol, Ricardo Gomes admite que só pensa em trabalhar no Brasil. “Estamos em outro patamar econômico, mas penso em Brasil. Não tenho vontade em sair do País. Quero ficar aqui porque minha família está aqui”, disse ele, que tem acompanhado os ex-clubes.
“Acompanho o Vasco, que está fazendo um ótimo campeonato, mas não tenho nenhuma ligação com o clube. Ouço os torcedores nas ruas, mas não tenho ligação com as pessoas. Passei 11 anos como jogador no Fluminense. Devo minha formação ao clube”, lembrou Ricardo.
Trabalho na base
Ricardo Gomes foi o treinador no Pré-Olímpico para os Jogos de 2004, mas descarta uma volta no comando de algum time de base. “Acho que a base tem pessoas preparadas para fazer. Comecei no profissional e reconheço a grande importância da formação para o time de cima”, avaliou o técnico, que não esquece os tempos de Europa.
“Trabalhei com dois treinadores no Benfica, um português (Toni) e um sueco (Sven Göran Eriksson). No PSG, dois treinadores em quatro anos. Parreira, Carlos Alberto Silva e outros ajudaram na minha formação, que você não para de aprender nunca”, destacou o treinador.
Em defesa do Cristóvão Borges
Durante muitos anos, Cristóvão Borges foi auxiliar de Ricardo Gomes, que tem acompanhado o trabalho do treinador do Fluminense e não imagina um “duelo” com o ex-companheiro. “Cristóvão exercia a função de auxiliar, mas era o treinador. Os trabalhos dele no Fluminense e no Bahia são grandes. No Vasco, ele bateu na trave e ainda teve a Copa Libertadores, que quase conquistou. Por onde passa, faz bons trabalhos. Vamos aguardar um pouco, mas vai ser interessante este encontro”, brincou Ricardo Gomes.
Fonte: Terra