Em dezembro de 2013, o Brasil viu com detalhes a briga entre representantes de torcidas organizadas de Vasco e Atlético-PR. As cenas de selvageria chocaram, e a preocupação com o reencontro das torcidas no Brasileirão deste ano é clara. As equipes se enfrentarão duas vezes, sem contar a possibilidade de encontro na Copa do Brasil. Para evitar novos confrontos, torcedores que brigaram em Joinville vão se reunir na próxima terça-feira sob mediação da Associação Nacional das Torcidas Organizadas (Anatorg).
– A ideia que foi colocada é que o fato deixou um legado negativo para ambas a partes, tanto coletivamente, quanto pessoalmente para algun. É uma forma de aprender. O fato ocorrido trouxe uma consciência maior. Com a volta do Vasco, eles viram a necessidade de evitar novos problemas. Eles procuraram o caminho do diálogo para que isso não volte a acontecer – disse André Azevedo, presidente da Anatorg.
A reunião acontecerá na próxima terça, às 15h, na Câmara Municipal de São Paulo. Segundo André, o encontro não servirá para buscar culpados, mas para olhar para frente, buscando maneiras de se evitar que novas brigas aconteçam.
– De certa maneira, eles estão assumindo erros. Sabem que erraram, mas sabem que outros “artistas” também tiveram culpa. Sabem de seus erros e acharam que o dialogo é melhor maneira para que isso não volte a acontecer. O que passou não podemos apagar. A discussão não é para ver quem errou, é futura. Andar para frente para que não haja nada premeditado – explicou André.
A Anatorg, fundada há pouco mais de dois meses, tem hoje 50 torcidas organizadas associadas. O objetivo da entidade é buscar o diálogo e conscientização. Para isso, a associação tenta implementar regras internas. O objetivo, segundo André, é defender as torcidas organizadas e não os indivíduos.
– A associação foi fundada ano passado, mas tem uma base de dois anos. Queremos defender as instituições, as penalidades individuais vão seguir. Não defendemos pessoas. Queremos preservar as torcidas. Se o poder público achar que as pessoas têm que pagar, elas que arrumem um advogado. A Anatorg tem dois conceitos: defender a instituição junto ao poder público e mídia e outro de implantar uma filosofia de regra interna para as torcidas. Não fazemos política externa. Estamos implantando regras para ver se conseguimos minimizar problemas futuros. Promovemos encontros de torcidas que nunca se falaram. Atlético-MG e Cruzeiro, Sport e Santa Cruz, Ceará e Fortaleza. Isso é algo pioneiro.
O encontro entre as principais torcidas de Atlético-MG e Cruzeiro, há 10 dias, em um shopping de Belo Horizonte, é considerado uma vitória da Anatorg. A ideia foi um diálogo sobre a paz nos estádios mineiros, que já convivem com clássicos de torcidas únicas desde 2010, quando o Mineirão fechou para reformas. Após a reabertura, aconteceram jogos entre os dois times com torcedores apenas do mandante ou a partida acabou marcada por polêmicas sobre divisão de ingressos.
– A ideia foi de ambas as partes em buscar o diálogo, porque se não mudar entre elas, tudo vai continuar como está. Mais importante do que falar que não queremos torcida única, não queremos as extinções, precisamos dialogar, fazer uma doutrina diferente. Não adianta eu pedir tudo isso e as torcidas brigarem de novo. O principal é a gente se entender e dialogar. Estamos falando de 30, 40 anos de cultura, e temos agora poucos meses de diálogo – finalizou André.
Na última quinta-feira, André Azevedo se reuniu com o ministro do Esporte, George Hilton, para discutir medidas contra a violência nos estádios. Ficou definida a criação de um grupo de trabalho conjunto para esse fim.
– Algumas ideias já estão sendo trabalhadas, como a criação de um banco de dados que venha a ter um cadastro nacional de todos os torcedores. Há também a ideia de criação de um serviço de disque-denúncia, que vai focar nos elementos que praticam atos criminosos e se travestem de torcedores – disse o ministro após a reunião.
Fonte: GloboEsporte.com