Especialistas dizem que CBF não pode rebaixar ninguém e que Lusa pode se complicar

Portuguesa ganhou liminar na Justiça, mas pode se complicar por ter colocado Fifa ré
 
Há divergências até entre os especialistas em Justiça Esportiva quanto ao futuro do Campeonato Brasileiro. Depois de a Portuguesa conseguir uma liminar que a recoloca na primeira divisão do futebol nacional, o ESPN.com.br conversou com advogados que mostram outro ponto de vista da decisão judicial que beneficiou a Lusa.
 
 
Há dois pontos fundamentais nas novas opiniões. O primeiro deles é o de que a CBF não pode rebaixar nenhum clube. Uma decisão como essas causaria prejuízo a alguém que não está diretamente envolvido ao processo e faria com que a confederação descumprisse o próprio regulamento ao prejudicar alguém que seguiu corretamente as regras.
 
O segundo ponto é que a Portuguesa pode se prejudicar por ter colocado Fifa e Federação Paulista como réus do processo. Para os especialistas, colocar a Fifa como ré serviria apenas para fazer com que o processo levasse anos. Além disso, a entidade máxima do futebol sequer tem a obrigação de cumprir alguma determinação, já que não está subordinada ao sistema judicial brasileiro. Isso pode fazer com que a Portuguesa sofra punições sérias caso tenha a liminar derrubada.
 
Veja, em quatro pontos, opiniões de especialistas que divergem sobre os advogados já ouvidos pelo ESPN.com.br:
 
1) Decisão rebaixa Flamengo
A decisão não rebaixa o Flamengo, não rebaixa o Fluminense e não faz efeito em qualquer outo participante da competição. Não existe nenhuma determinação expressa de rebaixar nenhum clube, somente a de inserir o clube paulista no próximo campeonato. Qualquer outra decisão geraria prejuízo a um terceiro, no caso o Flamengo, que cumpriu todas as regras e se ateve única e simplesmente ao Tribunal Desportivo. Mexendo com outros clubes, as CBF estaria descumprindo o regulamento no que se refere a outros clubes, que se comprometeram a utilizar somente a Justiça Desportiva.
 
2) Campeonato com 21 clubes
Fazendo um campeonato com 21 clubes, atendendo à decisão judicial, a CBF não está descumprindo nada. Entretanto, rebaixando o Flamengo ou qualquer outro clube, a CBF geraria uma reação em cadeia, uma ação atrás da outra dos clubes lesados e isso certamente não traria fim à discussão. Por isso, simplesmente por isso, a Justiça Desportiva deve ser a instância definitiva nestes casos. Do contrário, jamais existirá um fim.
 
A tendência, caso a decisão seja derrubada, é a Portuguesa ser severamente punida por três motivos: não esgotou a esfera desportiva, deu declarações de que não iria esgotar a Justiça Desportiva e que aguardaria a ação dos torcedores e porque utiliza artifícios em sua ação que podem aumentar o canhão da punição.
 
A Lusa, por exemplo, coloca a FPF, que nada tem a ver com o processo, como ré. Assim também faz com a FIFA. Desta forma, estaria desrespeitando a decisão do STJ no conflito de competência. No caso do Cianorte e Betim, as liminares já foram derrubadas e as punições estão sendo muito severas. O fato depois de perder a ação não retira o direito do Tribunal Desportivo de punir a Portuguesa, que pode perder duas vezes.
 
3) Caso parecido com caso Gama
Não há nenhuma semelhança ao caso Gama, já que toda a legislação atual de proteção da Justiça Desportiva como instância definitiva para estas questões, foi justamente criada em razão do caso Gama. Antes deste caso não havia punição para o clube que ingressava na Justiça Comum. Não havia ainda o atual CBJD (era CBDF) e a Lei Pelé ainda não havia entrado em vigor (só entrou em 2001).
 
A Portuguesa omite na sua ação e nas suas argumentações a existência dos artigos da Lei Pelé que refutariam todos os seus argumentos, ou seja, age de má-fé induzindo o Juiz a erro, bem como a opinião pública em geral, fazendo todos acreditarem que houve alguma irregularidade na decisão, quando, na verdade, a decisão está toda fundamentada na Constituição Federal, Lei Pelé e CBJD que está hierarquicamente abaixo da Lei Pelé e não do estatuto do torcedor. São normas que coexistem e que não se sobrepõem.
 
4) FPF e FIFA como rés
A Portuguesa ajuizou a ação contra estas duas entidades por dois motivos diferentes. A primeira para fixar o foro em São Paulo, contrariando a fixação da competência no Rio de Janeiro. A segunda para fazer o processo levar anos, já que a FIFA não possui sede no Brasil e teria que ser citada na Suíça por carta rogatória. A FIFA sequer deve cumprir a decisão do juiz paulista porque não é subordinada ao sistema judicial brasileiro. A CBF e os clubes são subordinados à FIFA por opção, já que esta relação à privada entre as partes. Ou seja, a FIFA pode punir a Portuguesa se quiser e nem olhar pra decisão do Juiz de São Paulo.
 
Fonte: ESPN

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