Aos 29 anos, o paulista nascido na Zona Sul da capital, em bairro vizinho do Jardim Irene de Cafu, Márcios Santos e de tantos jogadores, aprendeu a superar dificuldades desde cedo. O bairro onde foi criado já foi taxado como mais violento do mundo nos anos 1990, em pesquisa realizada pela Organização das Nações Unidas que apontava até 50 homicídios por mês no local. André, no entanto, escolheu o caminho da bola desde cedo.
Jogou na base do São Paulo até os 16 anos, fez uma destacada Copa São Paulo de juniores pelo Águas de Lindóia, do interior paulista, e chegou ao Palmeiras em 2004. Na carreira, se acostumou com a primeira impressão que torcedores faziam dele, pela altura incomum para laterais.
– Normal perceber um pouco essa desconfiança, porque as pessoas estão habituadas com jogadores mais baixos, que jogam lá na frente. Quando (torcedores do Vasco) me viram ficaram meio assim, mas é tranquilo. Continuei fazendo meu trabalho, e os resultados vêm aparecendo – lembra o jogador.
Na pré-temporada, Adilson já antecipara que André ia acabar agradando ao torcedor vascaíno. Ele lembrou a qualidade nas funções defensivas e a eficiência em cruzamentos.
– É um jogador confiável, que exerce bem suas funções de lateral. Tem boa técnica, tem dado boas assistências e compõe muito bem a linha de quatro, faz ultrapassagens. Tem me agradado muito – disse Adilson, no último treino antes de enfrentar o Resende.
Na Grécia, uma realidade brasileira
Além dos cruzamentos certeiros, o lateral ainda espera uma chance para mostrar outra qualidade: as cobranças de falta. Até por ter chegado agora – e também por opção de Adilson -, ele ainda não apareceu para bater faltas, mas no dia a dia também é possível ver a qualidade na batida na bola direto para o gol.
– Sempre aprimorei as batidas para cruzamentos e também a bola parada. Aqui no Vasco temos bons chutadores, que batem bem. É o caso do Dakson, do Bernardo, do Fellipe Bastos e do Douglas. Eles vêm se revezando e estão embalados na bola parada. Mas o Adilson sabe que eu também posso bater – afirma André Rocha.
Com duas passagens pelo futebol do exterior, o jogador viveu experiências distintas nos EUA e na Grécia. André Rocha morou em Dallas, onde jogou pelo time que leva o nome da cidade. Viu de perto a modernidade e a riqueza da região que serve de pólo da indústria petroleira e tecnológica americana. Aprendeu inglês e espanhol e se preparou para outras duas temporadas na Grécia. No país europeu, que até hoje vive graves dificuldades econômicas, acabou se adaptando à realidade bem parecida com a brasileira: os salários atrasados.
– No meu segundo ano na Grécia, a economia sofreu uma queda muito grande. Eram dois, três meses de atraso de salário, o que me atrapalhou bastante. Até porque quando a gente vai para fora busca justamente essa compensação financeira. Foi bem complicado – recorda André Rocha, que tomou como ensinamento a poupança do que recebia.
– Olhando de fora, pude ver minha carreira, pensar em planejamento, guardar dinheiro, ajudar mais a família. Foi interessante. Mais um aprendizado – valoriza o jogador do Vasco, que tem Guerreiro no sobrenome, mas usa Rocha para atuar desde os tempos de Palmeiras. Do alto de seus quase 1,90m, o nome vira sinônimo para a fortaleza que passa por cima das críticas e das desconfianças para prosseguir na carreira sonhada desde a infância no Jardim Ângela.
Fonte: GloboEsporte.com