Eurico é candidato à presidência vascaína, cuja eleição ainda não tem data marcada. Em entrevista exclusiva ao iG Esporte, o dirigente diz que não achava que suportaria um novo rebaixamento, o que se concretizou no ano passado, e, bem ao seu estilo, se coloca como o salvador do clube.
Para Miranda, a gestão de Roberto Dinamite vem sendo “desastrosa” e o Vasco nunca iria para a Série B com ele no poder. Nem em 2008, quando deixou a presidência após pleito marcado por polêmicas. Questionado sobre uma eventual responsabilidade naquela queda, se revolta: “Eu responsável? Pelo contrário, amigo! Eu ofereci ajuda e falei que comigo não cairia e eles não quiseram”, assegura.
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Mas, apesar do discurso messiânico, Eurico está mais comedido. Afirma que está trabalhando com “um grupo de jovens com novas ideias” e, até na crítica à atual gestão, evita colocar toda a culpa nas costas de Dinamite. Segundo ele, o ex-jogador e eterno ídolo vascaíno foi eleito para ser “presidente só da porta para fora” e “induzido ao erro”.
Confira abaixo a entrevista exclusiva completa de Eurico Miranda ao iG Esporte:
iG Esporte – Você anunciou que é candidato à presidência do Vasco. Por quê a decisão de voltar?
Eurico Miranda – A decisão da candidatura é pela situação que o Vasco se encontra. Não há alternativa. É no sentido de resgatar o Vasco. Resgatar o Vasco no sentido de recolocar o Vasco no lugar que nós entendemos que é o lugar dele. O Vasco está hoje numa posição subalterna, numa posição secundária, está sofrendo humilhações constantes. E essa é a intenção aí junto com um grupo de jovens com novas ideias. A candidatura vem nesse sentido: para resgatar o Vasco.
iG Esporte – Como o senhor avalia a gestão Roberto Dinamite?
Eurico – Eu já me manifestei diversas vezes. A gestão do Roberto Dinamite foi desastrosa. Mas foi desastrosa pelo fato de que uma série de erros foram cometidos e ninguém percebeu. Tem que ver também o por que esses erros foram cometidos, essa origem. Na verdade, colocaram o Roberto Dinamite lá na presidência com a intenção, conforme foi dito a mim, de ser presidente da porta pra fora. Aí começaram as coisas e tal. No momento que o Roberto viu as coisas que aconteciam, que uma série de erros foram cometidos e que a culpa ia acabar nele, porque o presidente é o responsável, começaram a abandoná-lo. E o abandonaram. Deixaram ele, os que o colocaram, grande número, renunciaram, saíram.
E também foi um dos motivos que me levou a isso (candidatura). Porque estão ensaiando, depois de terem largado, feito isso, ameaçam voltar. Isso é uma coisa que… Eu cheguei a uma conclusão, cara: que o Vasco não suporta mais três anos desse jeito, não suporta mais três anos de aventura. Porque na verdade isso tudo é uma grande aventura. Mas o Roberto, é evidente que o Roberto é culpado, porque o Roberto é o presidente. Mas o Roberto é muitas vezes induzido ao erro, né, que tem levado a isso. Mas voltando à administração dele, foi absolutamente desastrosa.
iG Esporte – Podemos dizer hoje que o clube está pior do que o senhor deixou?
Eurico – Eu não afirmaria isso. Eu deixei o clube muito bem. Se você quer saber como eu deixei o clube. Eu deixei o clube muito bem. Agora pioraram muito. Mas não pior do que eu quando eu deixei. Do jeito que fala se o clube estava pior parece que quando eu deixei ele estava mal. Pelo contrário. Deixei o clube… Uma coisa é aquilo que é dito. Outra coisa é aquilo que é comprovado. Eu deixei o clube, esportivamente, só para falar especificamente do futebol, em oitavo lugar no Campeonato Brasileiro. Eu deixei uma divisão de base, isso no futebol. Os outros esportes tranquilamente, o remo com conquistas, basquete, natação. Patrimonialmente, o Vasco aumentou de quando eu deixei. Agora, eu deixei o Vasco, com relação às dívidas, eu deixei o Vasco absolutamente equacionado. Com todas as certidões negativas, todas as dívidas equacionadas. Só que eles assumiram, ninguém controlou nada e está da maneira que hoje se encontra.
iG Esporte – O senhor é de uma época em que os clubes, de uma maneira geral, costumavam loucuras financeiras, falava-se que pelo clube se podia fazer tudo. E hoje a gente vê que surgiram as figuras dos gestores e gerentes, as coisas parecem ser um pouco mais profissionais…
Eurico – Não, para mim não se aplica isso. Eu, por exemplo, tive um período no Vasco que podia fazer, e fiz, e que o Vasco conquistou tudo não só no futebol, mas em diversos esportes, e depois eu tive um problema financeiro quando assumi, e eu não fiz nenhuma loucura. Muito pelo contrário. Isso aqui me levou a não ter conquistas posteriores porque eu não cometi loucuras. Eu procurei equacionar, nunca gastar mais do que arrecadava. A loucura financeira é você gastar mais do que você arrecada. Eu nunca fui adepto disso.
Isso em relação a loucuras financeiras. Eu não cometi nenhuma. Agora, o problema, aí já entrando na tua pergunta direta, eu acho que o problema não se trata disso de hoje ter administração assim, administração assado. Não, a administração… O Vasco tem 118 anos de existência e sempre foi administrado. Agora, você tinha um problema aqui, um probl
ema ali, mas o Vasco sempre cresceu. Nunca foi de se cometer loucuras. Loucuras, loucuras financeiras, vem sendo cometidas agora com essa chamada administração profissional, que contrataram profissionais que levaram o Vasco a estar na situação que está. Isso que falo para você com a maior tranquilidade. Eu acho que não é a chamada administração profissional, porque o Vasco sempre teve administração profissional. Podiam ter amadores dirigindo, mas amadores competentes, que faziam uma administração mais do que profissional. Administravam. Administrar não quer necessariamente dizer que tem que se administrar profissionalmente. Isso é algo que não se coloca. Administrar você administra bem ou mal.
iG Esporte – Entrando agora na questão do Brasileirão 2013, muito se falou sobre aquela partida contra o Atlético-PR, da briga… Qual seria sua postura naquele dia se você fosse presidente? Você teria deixado a partida continuar, como aconteceu?
Eurico – Em primeiro lugar, a partida nem se realizaria. Porque a partida estava com absoluta falta de segurança.
iG Esporte – O jogo não teria nem começado?
Eurico – Nem teria começado! Em segundo lugar, sem dúvida nenhuma, se eu sou o presidente o Vasco não continuaria jogando. Eu te dei a premissa. Primeiro, nem jogaria, nem iniciaria a partida. Ninguém inicia uma partida com absoluta falta de segurança, com a torcida adversária tendo aconselhado pelo site que mulheres e crianças não deveriam ir ao jogo. Quer dizer, é algo mais do que premeditado. E diante daquilo que aconteceu, na verdade, você começa com um primeiro grande culpado, quem é o primeiro grande culpado? Aquela que organiza a competição. Que sabe que em qualquer lugar é exigida a segurança, é exigido que tenha as condições de jogo, e ela simplesmente ficou inerte em relação àquilo que estava acontecendo. E aquela não era uma partida de risco, não. Era uma partida de alto risco! Então, primeiro a CBF foi conivente, deixou a coisa correr. Depois, foi descumprido absolutamente o que determina a legislação. A legislação determina que o mandante tem que prover a segurança, cumprir uma série de requisitos que não foram cumpridos naquele jogo. Eu não jogaria.
iG Esporte – E como você vê a atuação da atual diretoria especificamente neste caso?
Eurico – A atuação, em primeiro lugar, foi de absoluto desconhecimento do regulamento da competição e de absoluto desconhecimento da lei. E, depois, de fraqueza, que eu posso elevar até para covardia.
iG Esporte – Na sua opinião, ainda há espaço para o Vasco brigar para permanecer na Série A de 2014?
Eurico – Não, eu não vejo por esse lado. Sinceramente, não vejo por esse lado. Eu vejo é que depois aconteceram uma série de outros incidentes, que foi o caso da Portuguesa, o caso do Flamengo. Uma série deles que, na verdade, se criou uma situação que, eu entendo, juridicamente não tem solução. Se quiserem uma solução clara, será uma solução política. Agora, não há como o Vasco, depois da atitude que tomou, querer reivindicar alguma coisa no judiciário. Acho que a esperança do Vasco é justamente esse imbróglio que está acontecendo.
iG Esporte – E talvez um Brasileirão com 24 times?
Eurico – Não sei. Aí pode ser com 24, não sei de que forma. Mas é só com o imbróglio que o Vasco possa… Agora, em termos de buscar com ações na Justiça, não vejo.
iG Esporte – Na sua opinião, o que deveria acontecer com o esse final de campeonato? Ficam 20 clubes, cai Portuguesa, cai Fluminense, deveria ficar 24 times…?
Eurico – Aí você está querendo que eu fale sobre uma hipótese que eu não… Claro que, pelo lado do Vasco, a coisa que eu mais queria é que o Vasco não caísse para a segunda divisão, né? Qualquer coisa que fosse feita que não tivesse que disputar a segunda divisão, pra mim, seria como torcedor do Vasco. Mas não dá para eu emitir uma opinião de como deve ser. Isso aí foge do meu alcance.
iG Esporte – Mas, de toda forma, o senhor entende que este imbróglio é uma mancha para o País em um ano que receberemos a Copa do Mundo?
Eurico – Eu acho o seguinte: eu já disse quem é a grande responsável por isso, que é a CBF. Agora, eu também acho que não é pelo fato de você estar disputando Copa do Mundo, não estar disputando Copa do Mundo, que vai tirar o direito daquele que está tendo seu direito ferido. Aí é outra coisa. Daí, realmente, que isso não tinha necessidade, se houvesse firmeza por parte da CBF e se a CBF tivesse agido realmente como deveria agir, não teria problema.
iG Esporte – Com relação às eleições na CBF, você apoia o candidato de situação, o Marco Polo del Nero, ou a oposição, de Francisco Noveletto?
Eurico – Sinceramente, eu não tenho condições de apoiar ninguém. Mas se você quiser dizer a minha opinião pessoal em relação a isso é que eu não posso apoiar uma coisa nem outra. Eu posso apoiar o seguinte: eu acho que deveria efetivamente ter mudança, mas eu pessoalmente não apoiaria nenhum daqueles que estão se postulando como candidatos.
ssionais errados…?