Seis anos depois de deixar o cargo, o ex-presidente do Vasco Eurico Miranda anunciou que tentará novo mandato.
Para voltar, Eurico aposta em uma estratégia de marketing digna de campanha eleitoral: vale mudar o visual do candidato, monitorar redes sociais e buscar o discurso mais afinado diante da penúria do Vasco no futebol, rebaixado duas vezes em cinco anos.
Por enquanto a campanha se concentra nas redes sociais. Há depoimentos de torcedores na linha “éramos felizes e não sabíamos”.
“Há os que acham que é retrocesso. Falar em retrocesso comigo? Veja os títulos conquistados, no futebol, nos esportes amadores. Só se retrocesso é ter conquistas, aumento patrimonial”, atacou Eurico.
Atacar, aliás, não é um verbo que combine com a nova imagem que o ex-presidente pretende criar. As baforadas de charuto, que fizeram a alegria de fotógrafos em sua gestão anterior, estão proibidas – pelo menos em público.
“Não deixei de fumar charuto, mas fica a imagem de que você é mafioso. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Eu sinceramente queria que essa imagem [de mafioso] seja desmistificada”, afirmou.
A estratégia prevê que se engavete a imagem do Eurico verborrágico, que provocava adversários e intimidava árbitros. Ele agora mede as palavras e diz que a motivação maior é ver os netos cruz-maltinos, hoje cabisbaixos, felizes de novo.
“Construíram uma imagem minha que não tem nada a ver com o Eurico. Mas, de qualquer forma, os anos passam. A gente aprende todo dia”, disse.
O ex-presidente vascaíno diz que o passado não o amedronta. Acusado de diversos crimes pela CPI do Futebol, de 2001, ele chegou a ser condenado pela 4ª Vara Federal Criminal do Rio a 10 anos de prisão por crimes tributários, mas a decisão foi anulada pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça).
Na nova campanha à presidência do Vasco, ele afirma ter disposição de sobra para se explicar. “Nunca fui questionado diretamente. Claro que algumas coisas eu tenho que reconhecer, mas mais de 90% das coisas que falam em relação a mim não têm procedência”.
No relatório da comissão, Eurico foi acusado de ter cometido crimes de apropriação indébita do dinheiro do Vasco e de falsidade ideológica por uso de conta ”laranja”.
“A CPI se transformou em uma CPI do Vasco. Eu fui investigado durante 12 anos pelo MP (Ministério Público), pela PF (Polícia Federal) e todos os órgãos competentes. E terminou demonstrado que não havia nada contra mim”, disse.
Além das suspeitas de malversação, outra ideia geral que incomoda Eurico é a de que ele deixou o Vasco falido em 2008. “Eu comprovadamente deixei o Vasco em 2008 em 8º no campeonato brasileiro e com toda a dívida equacionada”, defende-se.
O mentor do novo Eurico é o marqueteiro Mario Marques que, entre outros clientes, auxilia o pré-candidato ao governo do Rio Anthony Garotinho (PR).
Para modernizar a imagem do ex-presidente do Vasco, Marques aposta em uma estratégia agressiva na internet. Na sexta (24), por exemplo, Eurico bateu papo com vascaínos, via twitcam, por quase duas horas.
Uma pesquisa direcionada, com um retrato mais claro do quadro eleitoral em São Januário, também auxiliará o marketing. “Contamos com monitoramento de dados, sobre o que os vascaínos esperam. Os outros candidatos não têm nada a mostrar, não tem títulos nem contribuição significativa ao Vasco”, afirma Marques. Roberto Dinamite, atual presidente do clube, ainda não definiu se será candidato na eleição, que vai acontecer provavelmente em junho.
Fonte: Folha de São Paulo