A entrevista derradeira como jogador de futebol começou quase 30 minutos atrasada. Mas tempo, agora, é o que não vai faltar a Juninho. Ao entrar na sala de imprensa Chico Anysio, em São Januário, acompanhado pelo diretor executivo, Rodrigo Caetano, e pelo presidente do Vasco, Roberto Dinamite, Juninho sentiu a ficha cair.
“Chegou a hora”, afirmou o Reizinho.
De Dinamite, ele ganhou um diploma de sócio-proprietário do clube, uma homenagem ao Gigante que aprendeu a amar desde que, ainda garoto, deixou o Sport, em Recife, para tentar a carreira no decantado eixo do futebol. Rei em São Januário, quase Deus em Lyon, o jogador falou sobre sua
“Não tem muito o que falar, muito mais a agradecer a todos que pude conviver em 20 anos de jogador profissional. Resolvi parar porque depois da última contusão tinha decidido acabei me recuperando e sendo convencido a tentar voltar a jogar e disputar o Carioca, até pela possibilidade real de uma conquista. Mas não estava reagindo aos treinamentos como antes, não ia conseguir ser competititvo como sempre fui”, disse Juninho.
Em determinado momento, o craque começou a falar do início da carreira, no Sport, e parou por alguns minutos ao não conseguir conter as lágrimas. Câmeras se aproximaram, cliques de máquinas fotográficas foram ouvidos ao extremo. Mas a dor de Juninho ao deixar o futebol estava na expressão, nas palavras. Sem necessidade de maior tradução. Sobre a despedida, ele disse que o River Plate, rival do gol mítico da Libertadores de 98, deve ser o adversário.
“Seria legal se o Lyon viesse jogar aqui, mas já houve conversa com o River. Acho que vão aceitar. Seria legal também um jogo com os jogadores que joguei. Mas quero que seja um jogo de verdade, em que possamos perder, e vai ser com o elenco atual”, disse o meia do Vasco, que deve comentar a Copa do Mundo por uma emissora de tv.
Juninho chegou ao Vasco em 1995 e ficou até 2001 em sua primeira passagem pelo clube. Ele se tornou ídolo da torcida com gols, passes e muitos títulos. Conquistou os Brasileiros de 1997 e 2000, o Carioca de 1998, o Rio-São Paulo de 1999, a Mercosul de 2000 e a Libertadores de 1998.
Foi na Libertadores, por sinal, que a idolatria foi consolidada. Na semifinal, diante do River Plate, marcou em cobrança de falta impecável o gol que eliminou o clube argentino da competição e colocou o Vasco na final. Posteriormente o título seria conquistado diante do Barcelona de Guayaquil.
Em 2011, retornou ao clube, foi decisivo na campanha do vice-campeonato Brasileiro e saiu no fim do ano para o New York Red Bulls, onde ficou apenas sete meses. Ano passado voltou, mas sofreu a lesão que o faria encerrar a carreira.
Além do Vasco, Juninho não passou por muitos clubes. Foi revelado pelo Sport, onde conquistou o Pernambucano e a Copa do Nordeste de 1994. Após a primeira saída do Vasco, foi para o Lyon onde também se tornou ídolo. Conquistou o campeonato francês sete vezes consecutivas – entre 2002 e 2008 -, além de ser tricampeão da Supercopa da França e da Copa da França, esta em 2008. De lá foi para o Al-Gharafa, onde ficou por três anos.
Pela Seleção Brasileira, foram 43 jogos e sete gols. Conquistou a Copa das Confederações de 2005, mas conviveu com a frustração de não ter sido convocado para a Copa do Mundo de 2002. O sonho de disputar a maior competição de seleções veio em 2006, mas a eliminação para a França foi um baque tão grande que ele decidiu que não vestiria mais a camisa amarela. Mas Juninho deu mesmo adeus com a camisa cruzmaltina, onde se tornou ídolo e imortal nos cânticos da arquibancada.
Fonte: ESPN.com.br