Atolados em dívidas salarais, entre outros itens, os clubes brasileiros da Série A de 2013 acumulam quase 2.000 jogadores sob contrato, uma média de 92 por time. Esse inchaço de atletas com vínculo com as equipes aumenta suas despesas e a possibilidade de atrasos de vencimentos deles.
O levantamento do blog no registro da CBF mostra que são 1.842 ligados às 20 equipes que disputaram a Primeira Divisão do ano passado. Esse grupo foi usado como critério porque houve constantes notícias de atletas com atrasos salariais entre os times da elite, como nos casos do Náutico, Coritiba, Atlético-MG, Botafogo, Fluminense e Vasco, entre outros.
Cartolas ouvidos pelo blog relataram diversas explicações para o inchaço de registros de atletas. Entre elas, excesso de jogadores recém-formados com mais de 16 anos, atletas que estão encostados e outros que estão emprestados, nesta caso, o custo se reduz. Todos reconhecem o aumento de custo com esse excesso de atletas, visto que os times de elite só mantém elencos entre 30 e 35 jogadores atuando pelo profissional.
Há grande variação no tamanho dos grupos de atletas sob contrato. Quem detém o maior número de jogadores é o Corinthians, com um total de 161, enquanto o Criciúma está na outra ponta, com 36. De qualquer jeito, a maioria dos grandes clubes está perto na marca centenária ou a ultrapassa.
“A maioria é de jogadores que completa 16 anos. O problema é que, nesta idade, o que poderia ter contrato, passou a ser deveria. Já aparece pai e procurador e o jogador só fica com contrato. Aumentou muito o custo”, explicou o diretor de futebol do Vasco, Rodrigo Caetano, cujo clube detém 78 atletas sob contrato. “A lei prejudicou muito o clube porque o jogador fica preso ao clube e se não vingar tem que pagar o contrato mesmo assim.”
Segundo Caetano, os salários variam de R$ 5 mil a R$ 10 mil em casos de garotos padrão, mas saltam quando são jogadores de exceção. De qualquer jeito, como há entre 15 e 20 atletas em cada clube neste perfil, isso acaba pesando na conta do futebol.
O vice-presidente de futebol do São Paulo, João Paulo de Jesus Lopes, cujo time tem 97 jogadores sob contrato, também disse que jogadores promissores pesam, mas reconheceu que há série daqueles que não vingaram ou que foram contratações ruins, encostados por contratos longos.
“Há atletas que chegam à maturidade e parecia que teria condições de, eventualmente, servir o time, mas se tornam excesso de contingente. Temos dificuldade de repassar para outro clube. Não consideramos prejuízo porque, no geral, nosso sistema de base é superavitário”, justificou o dirigente. “Mas temos de fato micos. Jogador que não tem mercado e que a gente tem que esperar o final do contrato.”
No Grêmio, endividado por um elenco caro, a situação é parecia com um total de 119 jogadores sob contrato, apesar de o elenco ter 33 atletas. Por isso, a solução é repassar por empréstimo como no caso de Elano para o Flamengo. E tentar acertar nas contratações da base.
“Estamos trabalhando enxugando. O problema é que todos que têm contrato têm que receber inteiro se forem dispensados”, contou o diretor de futebol, Rui Costa. “É difícil no futebol em relação a apostas. Você pode investir R$ 50 mil e ganhar R$ 3 milhões. Ou o contrário. Por isso, tentamos diminuir os gastos nos aportes iniciais dos atletas.”
Ou seja, o Grêmio aposta em ter vários atletas na base em parcerias com valores dos direitos fixados para testa-los. Daí, pode ficar com os que vingarem. Mas esses exames incham o elenco.
O blog tentou ouvir dirigentes do Corinthians sobre o alto número de jogadores sob contrato do clube, sem sucesso. Veja abaixo o número de atletas sob contrato que tem cada time da Série A, 2013.
1 – Corinthians – 161
2 – Internacional – 137
3 – Bahia – 128
4- Atlético-MG – 121
5 – Grêmio – 119
6 – Fluminense – 111
7 – Coritiba – 100
8 – São Paulo – 97
9 – Cruzeiro – 96
10 – Botafogo – 93
11 – Vitória – 92
12 – Flamengo – 85
13 – Santos – 81
14 – Atlético-PR – 81
15 – Vasco – 78
16 – Ponte Preta 62
17 – Goiás – 60
18 – Náutico – 56
19 – Portuguesa – 48
20 – Criciúma – 36
Fonte: Uol – Blog Rodrigo Mattos