“Do inferno ao céu”. Esta era frase que os críticos diziam quando o Fluminense arrancou e escapou do rebaixamento dado como certo em 2009 para ser campeão brasileiro na temporada seguinte. Um dos “guerreiros” tricolores na época era Rafael, que finalmente encontrava águas calmas após a saída conturbada do então rebaixado Vasco da Gama.
Poucos mais de três anos após participar da redenção que ficou marcada na história tricolor, o goleiro tenta, mais uma vez, reescrever uma narrativa que parecida fadada ao fracasso, mas que agora começa a ganhar novos rumos.
Depois de rodar por diversos clubes de menor investimento e ficar aproximadamente oito meses sem vínculo com nenhuma equipe, o arqueiro de 29 anos inicia uma nova trajetória no futebol e se prepara retornar aos gramados para defender as cores do Bangu, no Campeonato Carioca.
– Eu estou bem. Fiquei muitos meses sem atuar, mas graças a Deus estou tendo essa oportunidade no Bangu. Estou trabalhando forte para dar a volta por cima e, quem sabe, eu consiga voltar para um time grande. O Carioca é uma grande é vitrine. Estou começando do zero no Bangu e tenho certeza que tudo vai dar certo. Mais portas vão se abrir – afirmou Rafael.
A oportunidade de voltar a disputar o Campeonato Carioca deixará Rafael face a face com o passado. Nutrindo sentimento pelo Vasco e pelo Fluminense, os maiores times que defendeu na carreira, o arqueiro revelou gratidão pelos clubes. No entanto, deixando o coração de lado, o jogador prometeu dar sangue pelo Bangu quando enfrentar os times do passado.
– Eu tenho carinho pelo Vasco e pelo Fluminense. Sou muito grato aos dois clubes. Mas enquanto estiver vestindo a camisa do Bangu, vou honrar o clube. Vou me doar ao máximo e defender o time até o fim. Os torcedores podem ter certeza que vou dar sangue pelo Bangu – ressaltou Rafael.
Saída conturbada do Vasco
Titular do Vasco na reta final do Campeonato Brasileiro de 2008, quando o time foi rebaixado pela primeira vez para a Série B, o goleiro Rafael acabou acertando com o Fluminense no ano seguinte. Mesmo tendo vivido momentos difíceis na equipe cruz-maltina e tendo tido uma saída conturbada do clube, o arqueiro revelou que não é hostilizado pelos torcedores vascaínos e se mostrou ansioso pelo reencontro.
– Sempre que encontro o pessoal do Vasco, recebo muito carinho. É sempre na paz. Inclusive, não tenho problema nenhum com a torcida do Vasco. Eles reconhecem o trabalho que fiz. Isso é muito gratificante. Eu sai do Vasco porque não houve acordo entre os empresários e dirigentes. Não foi nada pessoal. O contrato não se firmou entre as partes. Se eles tivessem feito um acordo, eu ficaria no Vasco. Eu fui muito feliz no clube. Estou ansioso pelo reencontro – declarou o arqueiro.
O ambiente de 2009
Os anos passaram, mas as recordações do Fluminense continuam bem vivas na memória de Rafael. Titular na arrancada épica que livrou o Tricolor da degola em 2009, o goleiro contou que, sempre que pode, assiste aos vídeos da campanha realizada pelo clube.
– O que vivi com o Fluminense em 2009 foi o momento mais marcante da minha carreira. Estávamos quase rebaixados e conseguimos um milagre. Todos diziam que o Flu ia cair. Só circulava a notícia de que o Fluminense estava rebaixado. No ano seguinte, depois de escaparmos, conseguimos ser campeões. Sempre que posso assistir aos vídeos daquele período, eu assisto. Sinto muita saudade – declarou.
A ligação de Rafael com os momentos vividos no Fluminense é tão forte que o jogador, além de recordar a rotina do clube na época, passa também para os novos companheiros de time as dificuldades vividas por todos integrantes da arrancada tricolor. O goleiro pretende motivar os jovens jogadores do Bangu com as lições que aprendeu na fatídica fuga do rebaixamento que se transformou em conquista.
– O Bangu está começando o grupo
agora. Tem muitos jogadores jovens. Sempre que posso tento passar para eles o que vivemos em 2009 com o Fluminense. Toda a dificuldade para aquela arrancada. Digo para eles trabalharem forte. Acho que dá animo para os jogadores, saber a trajetória que foi para escaparmos.
O sonho de criança
Realizado por defender Vasco e Fluminense, dois gigantes clubes do Brasil, Rafael quer mais. Buscando reabilitação no Bangu, o jogador pretende ainda ter a oportunidade de satisfazer um sonho dos tempos de criança: vestir a camisa de outro Tricolor, o paulista.
– Eu tenho o sonho de voltar para o Fluminense ou para o Vasco. Estou trabalhando forte para defender novamente um clube grande. Mas meu sonho de criança era de jogar no São Paulo. Não tive essa oportunidade. Mas continuo acreditando que as coisas vão melhorar – concluiu.